Cerca de 38% da população cabo-verdiana é hipertensa 973

16 de Agosto de 2016

Cerca de 38% da população cabo-verdiana é hipertensa, avançou a coordenadora nacional do programa de doenças cardiovasculares, que apelou às pessoas a adquirirem hábitos de vida saudáveis e evitar comportamentos de risco.

«O panorama da hipertensão em Cabo Verde é meio alarmante, temos uma alta prevalência de hipertensos, cerca de 38% da população. É o principal fator de risco para a mortalidade por doenças cardiovasculares, que são a primeira causa de morte em Cabo Verde. Se associarmos tudo isso podemos ver que o nosso panorama é bastante acinzentado», indicou Irenita Soares, citada pela “Lusa”.

A médica e coordenadora nacional do programa de doenças cardiovasculares falava à imprensa no âmbito da reunião alargada do Ministério da Saúde e Segurança Social cabo-verdiana que decorreu na semana passada na Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha).

Segundo Irenita Soares, a esperança é que os fatores de riscos podem ser prevenidos, com as pessoas a adotarem estilo de vida saudável, como evitar o consumo exagerado de álcool, praticar exercício físico, lutar contra o excesso de peso e evitar o stress.

Por outro lado, salientou que há fatores que não podemos controlar, como a idade, porque quanto mais avançamos na idade maior é a probabilidade se sermos hipertensos, e o sexo, já que até aos 50 anos a doença é mais prevalente nos homens, mas a partir dessa idade é mais nas mulheres.

«O fator genético também é muito forte. Quando temos vários hipertensos na famílias, a probabilidade de sermos hipertensos é grande, mas se conseguirmos lutar contra os fatores retardáveis podemos retardar ou mesmo evitar ter valores de tensão muito elevado», mostrou.

Questionado se os cabo-verdianos têm tido mudança de comportamentos, a médica disse que é algo «extremamente difícil de se conseguir» em uma, duas ou três sessões.

«Há coisas profundamente enraizadas. As mudanças têm de ser feitas de forma progressiva, por equipas multidisciplinares, envolvendo o doente, a família e a própria comunidade. A mudança de comportamentos é de todos», salientou.

A coordenadora nacional do programa de doenças cardiovasculares disse que não há nenhum estudo nesse sentido, mas notou que alguns doentes já mostram alguma melhoria, há muita gente a praticar exercício físico e o consumo do tabaco diminuiu no país.

«Mas o consumo do álcool está a aumentar», alertou, dizendo que a alimentação é outro problema, sendo esta uma «luta muito difícil para ser travada».