Qual maestro de uma orquestra, Célia Craveiro prepara-se para liderar o quarto mandato à frente da Associação Portuguesa dos Nutrição (APN). A marcar o ritmo e as dinâmicas da instituição desde 2014, assume que «é o conjunto que faz a diferença». Depois da situação pandémica, voltar a agregar os associados para uma participação ativa e frutuosa na vida da APN é um dos muitos desafios para o triénio 2023-2025. «O nosso foco não são os números, o nosso foco são as pessoas», sublinha em exclusivo à Viver Saudável para um mandato cuja tomada de posse é já no próximo sábado, 11 de março.
VS | Vai agora iniciar o seu quarto mandato como presidente da direção da APN. Que razões estiveram na base desta recandidatura ao cargo?
CC | Já deixei de os contar! (risos) A razão é sempre a mesma: dar continuidade aos trabalhos da APN. Eu acabo por ser sempre a cabeça de lista, mas é uma decisão do conjunto, em que ainda acreditamos que podemos contribuir para a vida da associação. Sempre vi a APN como uma equipa. Há aqui uma equipa que se mantém constante desde 2014. Teria grandes dificuldades em avançar se não fosse com esta equipa. No entanto, esta equipa entende que temos de incluir outras pessoas na estrutura. Por isso é que agora vamos crescer, vamos abrir a direção da APN a pessoas que vêm de outras áreas de atuação, têm outras idades. Isso também é importante, terem outras idades na profissão, outras idades nas Ciências da Nutrição, outros tempos, outras visões pessoais.
VS | Lidera a APN desde 2014. Sente uma responsabilidade acrescida?
CC | Já faço parte da mobília! (risos) É sempre uma responsabilidade acrescida pela questão que já estamos aqui há tanto tempo. Uma grande parte da vida da associação foi dirigida por esta direção. Algum dia que eu não esteja na APN, claro, acho que vou sentir aquela nostalgia de ter feito parte da história. Gosto muito de ser presidente da APN, gosto muito de trabalhar com os meus colegas da direção, gosto muito de trabalhar com o corpo técnico.
VS | O que move a nutricionista Célia Craveiro para continuar a dirigir esta “casa”?
CC | Pode parecer ridículo, mas o que me move é achar mesmo que as associações fazem todo o sentido e que é preciso as pessoas mobilizarem-se para trabalhar o “nós”. Nós estamos cada vez mais individualistas. Podia dizer que abdico do meu tempo para trabalhar o “nós, causas solidárias”, o “nós, causas animais”, no meu caso é o “nós, APN”. Digo sempre que tive alguma pena de trabalhar muito tempo sozinha e colmatava isso com as atividades da APN. A APN proporciona uma série de experiências, de pertença a um grupo. Se olharmos para os membros da direção, alguns entraram juntos na faculdade. O Nuno Borges foi professor de quase todos nós. Depois, há ali contacto com outras pessoas que vinham de outras áreas profissionais, de outras faculdades, e essa troca de experiências quando temos um bem-comum não é a mesma coisa que o meu grupo de amigos. Na APN, o que nos move, claramente, não é um salário. Há uma parte muito emotiva, mas, ao mesmo tempo, de uma seriedade, de uma responsabilidade de estarmos a gerir pessoas, a dignificar o nome de uma associação. Isso é muito importante. Enquanto ainda tivermos em mente a melhoria contínua, dizer que “eu posso dar mais”, “eu posso fazer mais”, tenho a certeza que ainda vale a pena.
VS | E também a contribuir para a profissão.
CC | Para a profissão, para a associação. Queremos que a APN cresça, que a APN se mantenha relevante. O meu maior papel é fazer essa gestão de pessoas, essa gestão de situações, mas sempre em modo de equipa. Eu não tomo uma decisão sozinha. É o meu nome que aparece, mas é um coletivo. Pode ser muito utópico, mas é o conjunto que faz a diferença, sinceramente. E isso também é o que nos levou, enquanto conjunto, enquanto profissão, se olharmos para os primórdios, todo o trabalho que tem sido feito na área da nutrição, as pessoas têm trabalhado muito para o conjunto e no conjunto. Claro que, individualmente, cada um vai fazendo a sua carreira, vai tendo o seu trabalho, vai tendo o seu protagonismo, vai abrindo também portas e fronteiras, mas o conjunto é que nos tem ajudado. Essa tem sido sempre a missão da APN. Nós trabalhamos para o conjunto, para o conjunto de associados, mas temos a noção que a ação da APN que visa o seu associado acaba por abranger toda a gente. Quando a APN está presente, representa a Nutrição, representa os seus associados, representa a profissão toda por alguma inerência.
VS | Passou-lhe pela cabeça que estava na hora de passar o testemunho?
CC | Passar, passou. Mas acho que passaria mais pela cabeça se víssemos uma movimentação de pessoas com interesse nessa passagem. Há duas formas de passar o testemunho, de forma coordenada e estruturada ou de forma disruptiva. Não vemos a passagem da APN disruptiva, nunca vimos. Não nos foi passada de forma disruptiva, nunca o iríamos fazer. E não iríamos, também, em algum ponto, deixar a associação numa situação de autogestão, que está prevista em Estatuto. Mas temos a noção que é preciso substituir pela ordem natural do tempo, ainda este é o nosso tempo, mas é um tempo que tem de abrir a outras pessoas. Daqui por três anos, posso estar a ter uma conversa completamente diferente e dizer: “Estou cá outra vez para mais três anos”.
VS | As eleições para os corpos sociais da APN, que decorreram no dia 21 de janeiro, contaram com uma única lista candidata. Como analisa este facto? Gostava de ter tido concorrência? Já alguma vez teve?
CC | Não, nunca tive concorrência. Mas gostava mesmo da participação de outras pessoas.
VS | Nesse caso, poderia haver uma passagem disruptiva.
CC | Efetivamente, não acho que isso vá acontecer, o que acontece em instituições como a APN é que há sempre uma passagem muito mais de testemunho, muito mais suave. Em algum ponto, também é o que faz com que as associações se mantenham, muitas vezes, até relevantes para fora, o haver uma continuidade, o haver uma estabilidade. Agora, claro que a concorrência também nos faz sempre pensar: “O que podemos fazer diferente?”.
Temos pessoas que colaboram com a APN em diferentes modelos sem ser dentro dos corpos sociais, ou na revisão de manuais, ou ao estarem connosco no congresso, ou ao estarem sempre disponíveis. Também é preciso notar que temos uma série de associados, e pessoas da nossa profissão, para quem a APN lhes é querida. Quando a APN lhes propõe alguma coisa, estão sempre prontos a aceitar. Também tentamos ter esse cuidado e esse carinho com as pessoas, prestamos o reconhecimento dentro daquilo que podemos. Portanto, também há aqui essa questão, muitas vezes as pessoas não estão dispostas para estarem tão presas, não se sentem confortáveis a integrar um corpo social, porque não têm tempo, não têm disponibilidade, não faz parte do seu modo de estar, mas colaboram no que for preciso. E é também por isso que as concorrências não aparecem. Mas acredito que as coisas são como são e seguem a linha que devem seguir.
É preciso substituir o me time pelo we time
VS | A pandemia de covid-19 alterou sobremaneira a dinâmica da APN.
CC | Este quarto mandato vem na sequência de um mandato vivido em pandemia. Tomámos posse no dia 21 de fevereiro de 2020, com um enorme ponto de interrogação no que ia acontecer. Uma grande parte da projeção que tínhamos para o terceiro mandato, que já seria claramente um mandato de solidificar uma série de ações e ir para outro nível, ficou em suspenso. Tivemos 2020, 2021 e uma parte de 2022 em que muitos projetos ficaram por concretizar. Houve ali uma altura em que nem conseguíamos perspetivar como é que iam ser as próximas três semanas, os próximos três meses, quanto mais o próximo ano. O tempo passou e chegado o momento eleitoral, colocámos a questão: “Temos eleições, vamos?”. E cá estamos.
Nenhum dos três mandatos versou sobre o mesmo tema. Quando decidimos abraçar a APN em 2014, a associação ainda era Associação Portuguesa dos Nutricionistas. Ainda havia ali um ponto de interrogação sobre como é que ia ser a convivência com a Ordem profissional. Qual seria o seguimento da APN? Isto tudo foi uma preocupação que ocupou quase maioritariamente o nosso primeiro mandato. O nosso segundo mandato, que se iniciou em 2017, ficou marcado pela alteração integral dos Estatutos e pela mudança do nome para Associação Portuguesa de Nutrição, que se desvincula da parte totalmente ligada à profissão de nutricionista e passa para um nível estratosférico diferente. Não foi só a mudança de nome, foi uma mudança de missão, de posicionamento, de fazer todo um trabalho com instituições, públicas e privadas, para perceberem o porquê dessa alteração, que não era um “corte” total com o passado. No fundo, foi uma evolução natural de tudo o que foi acontecendo na APN. E essa evolução também vem da requalificação total da sede da APN, de começarmos com os congressos de cariz internacional. O terceiro mandato seria um mandato de continuidade, de afirmação do nome Associação Portuguesa de Nutrição. Nós íamos em velocidade de cruzeiro e tivemos de travar a fundo, o que aconteceu a todos nós enquanto sociedade. A sociedade estagnou. Não estou a dizer que isso tenha levado a uma estagnação da APN, muito pelo contrário, também nos pôs aqui a pensar fora da caixa.
VS | O congresso é um bom exemplo.
CC | Sim. E essa capacidade de reação só funciona com direções e associados fortes. Eu gosto de planificar, gosto mais de agir do que reagir, mas há situações que tem de ser por reação. Nunca pusemos em questão a realização do congresso, por variadíssimas razões, acho que até por ingenuidade de nós todos. Confesso a minha ingenuidade já em fevereiro de 2020, quando se falava da covid-19. Na nossa tomada de posse alguém já estava com algum receio do que podia acontecer e eu dizia: “Não se vai passar nada”. Quando começámos a ver as coisas a pararem, em março, aí foi o nosso reality check: não vai ser possível fazer um congresso presencial em maio. A adaptação foi exatamente essa, passar o congresso para uma versão online. E isso também acabou por influenciar não só o congresso, mas também uma série de atividades da APN, nomeadamente as formações e os webinars. Acho que aí conseguimos fazer um bom trabalho, continuámos a ser relevantes numa altura em que outras prioridades se levantaram.
VS | Em mais de 40 anos de história, este será o 13.º mandato da direção da APN. «Queremos trazer à APN a dinâmica que a sociedade perdeu com a covid-19, essa dinâmica de participação, que o associado seja interventivo», afirmou numa entrevista concedida ao portal VIVER SAUDÁVEL, antes da sua reeleição. Quais são as outras linhas estratégicas de ação para o próximo triénio?
CC | A principal linha estratégica vai ser essa. Passámos por várias fases, desde o início. Agora estamos na fase em que temos de trazer as pessoas de volta para o coletivo. Nós temos os associados connosco, as pessoas continuam a fazer-se associadas, a manter as suas quotas, a participar nas nossas atividades, nas nossas formações. E isso, efetivamente, é bom. Com a pandemia, a pessoas ficaram desligadas, e notou-se muito isso no congresso presencial em 2022. Uma das linhas estratégicas será reafirmar a associação para dentro de si, dos seus associados, e de quem não é nosso associado, porque ainda há quem não seja, o que tem toda a lógica, visto que ser associado da APN é algo perfeitamente voluntário, ao contrário da Ordem profissional. Depois, outra questão que temos sempre de reafirmar e focar-nos é a questão da formação, e aí é sempre a Acta Portuguesa de Nutrição que precisa que a APN lhe dê mais estrutura, mais força, o que não é fácil, até em termos dos recursos e da gestão de plataformas indexadas. Portanto, há aqui muito trabalho. Há coisas que parece que só vamos andando aos grãozinhos, mas é assim que se chega lá.
Outro dos objetivos é voltar a reafirmar o congresso na sua versão presencial, este ano no Porto. Vamos voltar a casa. Em 2020 e 2021 foi online, em 2022 foi em Lisboa, já há quatro anos que não tínhamos o congresso no Porto. Há pessoas que, entretanto, iniciaram o seu percurso académico e estão a terminá-lo e não tiveram ainda contacto com a APN, ou tiveram apenas virtualmente. Depois, temos a questão da formação. Queremos solidificá-la na sua vertente online, que veio para ficar e pode ser potenciada. Há muita gente que consegue a meio de uma tarde tirar uma hora ou uma hora e meia para fazer uma formação. É um caminho que temos de fazer. Gostaríamos de explorar as plataformas online exatamente porque achamos que há mercados onde se pode chegar. Tudo isso depende, muitas vezes, dos recursos que temos disponíveis para o momento, humanos e financeiros. E mesmo todas estas disrupções – que vai ser muito o foco do congresso este ano –, em todo o lado, não só na cadeia de abastecimento, mas disrupções no nosso dia a dia, disrupções com padrões de guerra, disrupções com inflação… Tudo isso também nos leva ao problema base: a alimentação não é tão priorizada como gostaríamos. E a APN tem também de fazer o seu trabalho de continuamente alertar para o problema. Queremos ainda reforçar as relações com uma série de parceiros institucionais. Há todo um trabalho em contínuo.
O nosso foco não são os números, o nosso foco são as pessoas
VS | As equipas que compõem os novos corpos sociais da APN são, no total, constituídas por 25 nutricionistas, mais seis relativamente ao anterior mandato. Tal como a direção, a mesa da assembleia geral e o conselho fiscal continuam a ser presididos pelas mesmas personalidades, Hugo de Sousa Lopes e Isabel Monteiro, respetivamente. No entanto, existem nove caras novas, sobretudo na direção. É uma tentativa de renovação na continuidade?
CC | Sim. Era preciso algum sangue novo. Essas pessoas têm os seus circuitos, têm os seus círculos, também podem trazer algo de novo, podem ser veículos de informação da APN como estrutura para fora. São pessoas que aceitaram o convite e, felizmente, todas elas, também se reveem no trabalho que a APN tem vindo a fazer. Não nos podemos esquecer que somos uma associação em que todos os membros estão de forma pro bono.
VS | Como é que se motiva pessoas a trabalhar pro bono?
CC | É difícil. Acho que com a pandemia ainda piorou um bocado. As pessoas, mesmo a nível profissional, tornaram-se mais objetivas: eu tenho o meu trabalho, o meu trabalho tem um horário, o resto do tempo preciso para mim, o me time. E, por vezes, é preciso substituir o me time pelo we time, o tempo de todos nós. Obviamente que não pode ser o grosso da nossa vida, mas faz parte.
VS | Presentemente, a APN tem mais de 2.300 associados. O objetivo é continuar a crescer?
CC | O nosso foco não são os números, o nosso foco são as pessoas. Mas é claro que gostava que todos aqueles que são licenciados em Ciências da Nutrição, em Dietética e em Dietética e Nutrição fossem associados da APN, exatamente porque a APN representa-os lá fora, na European Federation of the Associations of Dietitians (EFAD) e na International Confederation of Dietetic Associations (ICDA), por exemplo. E isso é uma mais-valia importante, quer para a APN, quer para os profissionais portugueses. Somos mais fortes no individual com o conjunto.
VS | Subordinada ao tema “Nutrition in a Changing World”, a 22.ª edição do Congresso de Nutrição e Alimentação (CNA) realiza-se no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, nos dias 11 e 12 de maio. Que novidades estão na calha?
CC | Em termos gerais, a maior novidade é que vamos voltar ao Porto. A única alteração, até por uma questão de gestão dos recursos, é que vamos ter uma sala onde se fala exclusivamente em inglês. Fora isso, o congresso seguirá o seu formato habitual. Vamos ter connosco oradores de renome nacional e internacional.
VS | Na mesma entrevista ao portal Viver Saudável, referiu que «temos de afirmar a área da nutrição». É tempo de fazer o que ainda não foi feito?
CC | Temos de nos reafirmar como uma profissão técnico-científica, ou seja, temos de nos continuar a reforçar como nutricionistas, profissionais da área da nutrição, nas diferentes valências, que não só a clínica. E é preciso que esses profissionais adquiram competências técnico-científicas para lá chegar. Portanto, o nosso maior foco é auxiliar nessa consolidação de competências, que é o futuro.
VS | E, ao mesmo tempo, salvaguardar a profissão de ameaças exteriores.
CC | Exatamente! Digo sempre, nós não podemos substituir de forma direta o profissional A ou B, logo também não queremos que o profissional A ou B nos venha substituir. Há áreas que podemos dizer que são exclusivas do nutricionista, há outras onde somos uma parte integrante no motor. Mas ainda há muito para conquistar e, para isso, temos de nos posicionar num determinado nível, com determinadas competências, com determinados conhecimentos, com toda a força. Há muita coisa na área da nutrição que depende ainda de fatores políticos, dos decisores políticos.
VS | Por falar em decisores políticos, já entrou em funções o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo. Quais são as suas expetativas?
CC | Enquanto APN, temos uma boa experiência com o Dr. Fernando Araújo, na altura secretário de Estado Adjunto e da Saúde, a propósito do protocolo de colaboração para a diminuição do teor de sal no pão. Estamos a falar de alguém que tem há muito tempo uma abertura para perceber que as questões da saúde não estão exclusivas no tratamento, mas também na prevenção. Não sendo a APN tão envolvida politicamente, nós acabamos por ser, muitas vezes, veículos de apoio e, até, de parcerias com as secretarias de Estado, com os ministérios. Claro que estamos expectantes que essa mudança que se vê no SNS seja transversal, que não se aplique só a determinada classe e a determinados serviços. Precisamos de olhar para o SNS e ver as diferentes valências dos cuidados de saúde primários, dos cuidados hospitalares, todas essas áreas a serem devidamente programadas para funcionar.
Espero uma maior aposta nas áreas da nutrição e da alimentação saudável. As pessoas já sabem que a prevenção tem impacto, financeiramente e na saúde dos cidadãos.
VS | Regressando à APN. Quando assumiu o cargo há oito anos, pensou que iria estar tanto tempo à frente dos destinos desta instituição?
CC | Nunca foi um pensamento. Da mesma maneira que, em 2011, quando me convidaram para fazer parte dos corpos sociais da APN, como vice-presidente da direção da Dra. Helena Ávila, nunca pensei que ia chegar a presidente. Quando me convidaram para presidente, nunca pensei que ia ser mais do que um mandato. Quando chegou o segundo, não pensei num terceiro. Aconteceu. Efetivamente, diria que não me revia noutro grupo para trabalhar tanto tempo. Há uns anos, se me dissessem que ia ficar tanto tempo, respondia: “Isso não vai acontecer!”. Mas também se me dissessem que íamos passar por uma pandemia, a resposta seria a mesma. O mundo não é uma ostra. Nunca viro as costas a um desafio.
VS | Que legado espera deixar quando se retirar da APN?
CC | Sempre me motivou fazer parte de alguma coisa para o grupo. Não é pelo reconhecimento dos outros, até porque eu digo sempre que não faço nada sozinha. O maior legado é pensar que trabalhámos para que a APN se mantivesse relevante. Que continue dinâmica, que haja meios suficientes para dar continuidade às atividades, sempre com rigor. Pelo seu histórico, acho que isso vai acontecer.
VS | A APN esteve na génese da Ordem dos Nutricionistas (ON). Em breve teremos eleições nesta ordem profissional. Está nos seus horizontes apresentar uma candidatura?
CC | Não! Na verdade, também não estava nos meus horizontes ser presidente da direção da APN. Primeiro que tudo, sempre me revi muito bem no papel que desempenho na APN. Depois, a ON tem um cariz muito mais político e muito mais institucional. São instituições muito diferentes. A ON tem outro cariz, tem outra missão, tem outro foco, tem outra dinâmica. É muito mais absorvente. É preciso uma capacidade de trabalho à instituição e ao profissional que eu não sei se pessoalmente tenho.
VS | Que perfil deverá ter o/a próximo/a bastonário/a?
CC | A ON requer uma ótima gestão de pessoas. Acredito sempre que o maior espírito que é preciso é que as pessoas tenham muita confiança naquilo que é trabalhar para o “todo” e não para o “eu”. E uma ordem profissional trabalha para o todo, é para aquela profissão, não é para mais nenhuma.