A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) recebeu esta quinta-feira (14) o Open Day Nutrição Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o mote “Nutricionista, uma Profissão Multifacetada”.
Para celebrar o Dia do Nutricionista, instituído pela respetiva Ordem Profissional e que representa o dia em que esta foi criada (em 2010), cerca de 150 nutricionistas, médicos, enfermeiros, alunos e outros profissionais de Saúde encheram o auditório 58 da FMUL para aprenderem mais sobre uma área em constante desenvolvimento.
Patrícia Almeida Nunes, diretora do Serviço Dietético e de Nutrição do CHULN e responsável pela iniciativa, “não poderia deixar passar em branco este dia”, e celebrar a “multidisciplinariedade de profissionais inscritos” neste encontro. Durante a sessão de abertura teve ao seu lado Joana Sousa, do laboratório de Nutrição da FMUL, para deixar claro, perante a audiência, que “a Nutrição é cada vez mais uma profissão banda larga”.
Restauração Coletiva, Desporto e Cuidados Primários
O leque de seis apresentações diversificadas começou com Maria Carapinha. A Nutricionista apresentou várias especificidades do seu trabalho na empresa de Restauração Coletiva Itau, e que passam pelo controlo, revisão, elaboração e planeamento de ementas e fichas técnicas para refeitórios e para doentes particulares. Nesta área de atuação do Nutricionista, a monotorização e garantia de qualidade, a promoção de auditorias, tanto internas como externas, e a formação de colaboradores, são fundamentais para o alcance dos objetivos.
“Cruzamos a promoção da saúde e a qualidade, mas quem está no desporto sabe que isso não existe”, afirmou, por sua vez, Inês Fernandes, Nutricionista na área clínica desportiva, para explicar que em alta competição a saúde está presente, mas que naturalmente, por força da exigência física, tem de ser trabalhada de uma outra forma, de modo a cumprir metas exigentes. O treino nutricional é desta forma fundamental junto de várias valências, como a redução do risco de lesão, a regeneração muscular ou o alcance de uma composição corporal ideal. A suplementação, referiu, é um tema difícil, pela maior facilidade de compra de substâncias perigosas.
Por sua vez, Ana Pereira, Nutricionista na Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados – ACES Lisboa Norte, abordou os Cuidados de Saúde Primários como um espaço com inúmeras atuações, da Nutrição Clínica à formação e projetos de intervenção. Lembrou que o rácio estabelecido pela Ordem dos Nutricionistas (ON) para dar uma resposta pública adequada está longe se ser cumprido e que a obesidade merece preocupação.
Numa apresentação partilhada, também a Nutricionista Catarina Plácido, da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados – ACES Oeste Sul, apresentou exemplos de intervenções em Mafra. Nomeadamente em espaços de Saúde, com a alimentação e Nutrição na gravidez e lactação, ou nas escolas, com formações dirigidas a pais e alunos sobre, por exemplo, o excesso de peso.
Cuidados Continuados, Investigação e Indústria
Seguiu-se Diogo Catita, Nutricionista nas Residências Montepio & APELA, para desenvolver a atuação em Cuidados Continuados. O responsável apontou áreas de atuação relevantes e que passam pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), onde o Nutricionista avalia o estado nutricional e identifica o risco nutricional, realiza escalas de rastreio, medidas antropométricas e ajustes na dieta. Tudo isto perante uma equipa multidisciplinar que contribui para questões psicológicas ou de mobilidade.
Ana Brito Costa, Nutricionista clínica e docente universitária, teve a missão de abordar as três grandes áreas da sua carreira: clínica, investigativa e de ensino. “Há muito mais vida para lá do risco nutricional”, assegurou, para reforçar que a atuação do Nutricionista deve ser cada vez mais completa. De acordo com a especialista, “a clínica permite prevenir e/ou tratar, a investigação permite obter ferramentas para melhorar a eficácia, e a docência permite não esgotar este ciclo”.
Finalmente, Filipa Vilela, national product specialist rare metabolic deseases da Nutricia, ficou responsável pela última apresentação, dedicada à Nutrição Empresarial. A Nutricionista começou por citar o Ato da profissão, reiterou a “missão de nutrir em todas as fases da vida”, e apresentou os cargos que os Nutricionistas podem desempenhar dentro da Indústria: sales representative, medical affairs, marketing e investigação. Neste última, admitiu esperar no futuro encontrar mais profissionais portugueses nos laboratórios.
Expectativas superadas
Depois das considerações finais e da sessão de encerramento, encabeçada pelo diretor clínico do CHULN Rui Tato Marinho, a responsável pelo evento Patrícia Almeida Nunes fez um balanço positivo desta sessão. “Superou muito as nossas expectativas, não só tivemos profissionais Nutricionistas, mas também estudantes de Nutrição, alunos de secundário, e também profissionais do hospital, desde enfermeiros, médicos e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, ou até assistentes operacionais”, revelou, em declarações à VIVER SAUDÁVEL.
À margem do evento, assumiu fazer parte de uma geração que via na área clínica o único caminho. “Hoje em dia, recebo imensos alunos que vêm fazer um estágio e muitos deles não querem a área clínica hospitalar, mas de facto têm a vontade de fazer outras coisas fora da rotina”, disse, para deixar claro que o Open Day demonstrou a diversificação de competências destes profissionais.