Todos os anos, cerca 300.000 mulheres perdem a vida no mundo devido ao cancro do colo do útero. Em Portugal, os dados de 2020 dão conta de 865 mulheres diagnosticadas e 379 vítimas mortais. Isto significa que todos os dias morre, em média, uma mulher vítima de cancro do colo do útero em Portugal.
Rita Sousa, ginecologista do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, afirma que “Esta é uma doença que, com os rastreios, pode ser evitada e curada se detetada precocemente. O rastreio demora apenas cinco minutos, mas pode salvar a vida de uma mulher.”
Esta é a mensagem a reforçar na Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero que, entre 25 e 31 de janeiro, chama a atenção para a necessidade de realização dos rastreios.
A campanha é apresentada pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, com o apoio da Roche, Sistemas de Diagnósticos. ‘Faz o Rastreio e Alerta as Mulheres da Tua Vida’ serve de mote para esta campanha, que inclui um vídeo com a participação de Maria Cerqueira Gomes.
O cancro do colo do útero é o 4º tipo de cancro mais frequente nas mulheres, mas é uma doença evitável e curável, graças aos rastreios.
Neste tempo de crise devido à pandemia COVID-19, muitos portugueses viram-se afastados dos cuidados de saúde de rotina. Segundo dados do Portal da Transparência, entre Novembro de 2019 e igual mês de 2020, assistiu-se a uma redução de 10% no número de rastreios do cancro do colo do útero, justificada pela sobrecarga que a COVID-19 tem causado nos serviços de saúde. Mas há cuidados que não se podem adiar, sendo essencial que cada um desempenhe também um papel ativo na gestão da sua saúde.
Para os que, por receio, têm adiado os rastreios, Rita Sousa reforça a ideia de que “Não há que ter medo de o fazer. Trabalhamos com segurança e o rastreio demora apenas 5 minutos. Embora o tempo de progressão das lesões no colo do útero seja longo, é muito importante não descurar esta parte da nossa saúde.”
O cancro do colo do útero é causado pelo vírus HPV. No entando, a infeção pelo HPV por si só não significa que a mulher vá desenvolver um cancro. Há outros fatores de risco, nomeadamente o tabaco e fatores relacionados com imunidade, que podem fazer com que a infeção progrida para cancro. O rastreio permite a deteção e tratamento de lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV, evitando a sua evolução para cancro.
Sabe-se que 80% das mulheres sexualmente ativas acabam por contrair uma infeção por HPV em algum momento das suas vidas.
Em Portugal, existe um programa nacional de rastreio que se destina a todas as mulheres dos 25 aos 60 anos e é feito com base num teste HPV. Se o teste for negativo, só precisa de ser repetido ao fim de 5 anos.
A vacina contra o HPV faz parte do plano nacional de vacinação desde 2008, no entanto, Rita Sousa reforça que mesmo as mulheres vacinadas devem manter a participação no rastreio.
Nesta Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero, a Liga Portuguesa Contra o Cancro aposta na sensibilização e importância para o rastreio e diagnóstico precoce.