A propósito do Dia Nacional do Cancro Digestivo, que se assinala a 30 de setembro, alertamos para a importância do diagnóstico atempado deste que é o tipo de cancro mais diagnosticado em Portugal e o segundo mais prevalente em todo o mundo.(1)
De acordo com a International Agency for Research on Cancer (IARC) da Organização Mundial de Saúde (OMS), 10 575 novos casos de cancro colorretal são diagnosticados por ano, o que corresponde a 15,2% dos diagnósticos de cancro em Portugal. (3)
A maioria dos casos de cancro colorretal desenvolvem-se a partir de pólipos no cólon ou no reto. Se estes pólipos forem detetados e removidos, alcançar uma cura é possível em 90% dos casos. (3) Miguel Mascarenhas Saraiva, médico gastrenterologista, reforça: “Apesar dos números alarmantes de casos diagnosticados todos os anos, a evolução das tecnologias médicas traz um novo alento não só para os doentes, mas também para os profissionais de saúde que trabalham nesta área. Hoje em dia, felizmente, podemos contar com opções de diagnóstico inovadoras, recorrendo a sistemas de inteligência artificial, que possibilitam uma melhoria na capacidade de detetar lesões que poderiam ser indetetáveis nas colonoscopias convencionais, por exemplo.”
Para detetar um cancro colorretal é necessário realizar os exames de rastreio, que são também os exames de diagnóstico da doença. Se o motivo do exame não for a manifestação de sintomas, de acordo com as atuais recomendações da Direção Geral de Saúde (DGS), recomenda-se em primeiro lugar a realização de uma pesquisa de sangue oculto nas fezes. Caso o resultado seja positivo, segue-se a colonoscopia.
A colonoscopia consiste na observação do interior do reto e do cólon, com o objetivo de determinar se existem pólipos ou áreas anormais, assim como verificar sinais de cancro. Contudo, atualmente, as colonoscopias convencionais apresentam uma taxa de erro de 26%(4), pelo que alguns casos podem não ser diagnosticados atempadamente, levando ao desenvolvimento de um cancro colorretal pós-colonoscopia (PCCR).
A IA é uma aliada fundamental nos dias de hoje para contribuir para melhorar as estratégias de deteção existentes. “A colonoscopia assistida por IA representa uma mudança de paradigma na deteção do cancro colorretal em estadios iniciais, uma vez que permite uma melhor deteção dos pólipos de várias formas e tamanhos, sinalizando-os durante a realização da colonoscopia. Com esta tecnologia, os profissionais de saúde reduzem de um modo significativo a taxa de perda de adenomas nas colonoscopias atuais (5)”, acrescenta o especialista.
Se tem mais de 50 anos é recomendada a realização dos exames de rastreio anualmente, independentemente do género. No entanto, é também recomendado o rastreio do cancro colorretal a todas as pessoas com outros fatores considerados de risco elevado. Para mais informações sobre a doença, procure a ajuda de um médico especialista.
Referências:
(1) (3) International Agency for Research on Cancer. (2023). Cancer Today. Disponível em: https://gco.iarc.fr/today/en/dataviz/pie?mode=cancer&group_populations=1&populations=620&types=0&multiple_populations=0. [Consultado em setembro de 2024].
(2) Cancer Net Editorial Board. Colorectal cancer: statistics. Disponível em: https://www.cancer.net/cancer-types/colorectal-cancer/statistics. [Consultado em setembro de 2024].
(4) (6) Clinical Evaluation Report. CB-17-08 System. LQ20052607
(5) Shengbing Zhao, Shuling Wang, Peng Pan, Tian Xia, Magnitude, Risk Factors, and Factors Associated With Adenoma iss Rate of Tandem Colonoscopy: A Systematic Review and Meta-analysis. Gastroenterology. 2019;156:1661–1674