Campanha “Olhe pelas Suas Costas” alerta para os malefícios da utilização prolongada e incorreta das novas tecnologias 776

A dor nas costas é um problema comum que tem vindo a afetar cada vez mais crianças e adolescentes e as novas tecnologias podem contribuir ainda mais a sua prevalência. Neste Natal, a Campanha “Olhe Pelas Suas Costas” alerta para o impacto das novas tecnologias no que diz respeito à saúde das costas dos mais novos e deixa-lhe algumas dicas para prevenir o aparecimento de dores.

“Pescoço da SMS é uma expressão que nasce de uma das principais alterações de postura, que surge com as novas tecnologias: passar longos períodos de tempo a olhar para baixo durante a utilização de telemóveis ou tablet.”, explica Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador da Campanha “Olhe Pelas Suas Costas”, alertando: “Queixas de dores cervicais e de cabeça, são cada vez mais frequentes em jovens e adultos, e as más posturas são um dos principais contributos para estas dores”.

Esta postura errada na utilização das tecnologias resulta da posição da cabeça inclinada e fletida durante o seu uso. Acredita-se que aumenta a prevalência de dores musculares e que, a longo prazo, poderá agravar problemas mecânicos na coluna vertebral e nos ligamentos.

“Quando mantemos esta postura errada durante longos períodos de tempo e recorrentemente, as consequências tendem a agravar-se. Isto acontece também nos adultos, mas nas crianças o impacto é ainda maior pelo tempo que atualmente passam em frente dos ecrãs, aumentado a incidência de contracturas e dores musculares.”, acrescenta Bruno Santiago.

Para evitar que o seu filho sofra de “Pescoço SMS” ou outros problemas na coluna, a Campanha “Olhe Pelas Suas Costas” deixa-lhe algumas dicas:

• A lista de Natal do seu filho inclui um telemóvel ou tablet? Pense duas vezes! O Natal é muitas vezes a desculpa perfeita para que os mais novos recebam as tão desejadas prendas tecnológicas, como é o caso dos telemóveis ou tablets. Optar por prendas que incentivem a realização de exercício físico ou atividades que beneficiem a saúde da sua coluna poderá mesmo ser a melhor opção;
• Os equipamentos devem ser segurados com as duas mãos e elevados à altura dos olhos: durante a utilização destas tecnologias, é importante que a criança se habitue desde cedo a manter a coluna o mais direita possível, evitando olhar para baixo, inclinando o pescoço. O telefone deve ser elevado à altura dos olhos e não o oposto;
• Pausas frequentes: se a criança sentir que a posição lhe causou dor ou desconforto, os exercícios de alongamento e rotação poderão ajudar, sendo importante que esta faça pausas frequentes. O mesmo se aplica no caso da utilização de consolas de jogos. Fazer com que a criança se mantenha em movimento e faça pausas evitará consequências mais graves a longo prazo;
• O computador também pode ser o vilão: aparentemente, o computador pode parecer mais benéfico para a saúde da coluna do seu filho, mas isto só acontece se este estiver bem-adaptado. É sempre aconselhável utilizar um suporte para que o monitor do computador, fixo ou portátil, esteja sempre ao nível do olhar horizontal natural. Esta tática pode ser também adotada relativamente aos tablets;
• Realizar exercício físico regularmente: a realização de exercício físico que possa ajudar a fortalecer os músculos do pescoço e dos ombros é também uma forma de evitar dores ou danos na coluna e que deverá aliar-se sempre aos restantes cuidados;
• Procurar ajuda especializada em caso de necessidade: alterações no formato da coluna da criança ou dores nas costas persistentes devem ser um alerta para que os pais procurem ajuda profissional.

Em Portugal, 84,3% dos jovens entre os 11 e os 17 anos são sedentários, o que significa que apenas 15,7% dos jovens portuguesas praticam pelo menos uma hora diária de exercício físico. A conclusão é do estudo “Global trends in insufficient physical activity among adolescents: a pooled analysis of 298 population-based surveys with 1·6 million participants”, publicado na revista The Lancet, em 2019. “A facilidade de acesso a tecnologias como telemóveis, tablets e consolas de jogos em fases cada vez mais precoces da vida destes jovens não tem contribuído para inverter esta tendência”, remata Bruno Santiago.