Campanha “Olhe pelas Suas Costas” alerta para a importância do exercício físico no regresso às aulas 667

Numa altura em que as famílias portuguesas preparam a chegada de mais um ano letivo, a campanha “Olhe pelas Suas Costas” deixa um alerta: a escolha da mochila adequada é um ponto fundamental para a saúde das costas dos mais novos, mas é igualmente importante não descurar o exercício físico e suporte muscular da coluna.

Transportar mochilas com mais de 10% do peso da criança/jovem ou com alças pouco ergonómicas, adotar uma má postura na escola ou até ao estudar em casa, dois hábitos comuns de crianças e adolescentes, podem originar distúrbios musculoesqueléticos. Além disto, a obesidade e o sedentarismo são também prejudiciais para a saúde das costas, devendo ser contrariados desde a infância através do exercício físico, uma vez que é também nesta altura que podem surgir os primeiros sinais de alerta para doenças na coluna.

“Com o regresso às aulas e muitas crianças a iniciarem agora o seu percurso académico, é crucial garantir que estas começam já a adotar hábitos saudáveis e benéficos para a saúde das suas costas, evitando problemas futuros”, afirma Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador nacional da Campanha “Olhe pelas Suas Costas”.

“É aqui que entra a importância do exercício físico. A grande causa para as dores de costas é o sedentarismo, sendo que a melhor forma de prevenir o aparecimento destas, em qualquer faixa etária, é adotando um estilo de vida ativo. A prática de desporto, por exemplo, é uma atividade extracurricular que tem benefícios inequívocos para a saúde dos mais novos”, acrescenta.

Desde prevenir a obesidade, fortalecer ossos e músculos, incentivar a adoção de uma boa postura e até fomentar a disciplina, esta é uma forma divertida mas também pedagógica de garantir que os mais novos têm um estilo de vida mais ativo e saudável.

Segundo o Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física da DGS, a atividade física melhora a aptidão física (cardiorrespiratória e muscular), a saúde cardiometabólica (pressão arterial, dislipidémia, glicose e resistência à insulina), a saúde óssea, a cognição, a saúde mental e promove a redução da gordura corporal de crianças e adolescentes entre os 5 e os 17 anos. É, por isso, recomendado que estes realizem pelo menos uma média de 60 minutos por dia de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, maioritariamente aeróbia. A DGS recomenda ainda que seja limitado o tempo em comportamento sedentário, particularmente o tempo de ecrã (1).

No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde e o estudo de saúde mundial Global Burden of Disease, publicado na revista The Lancet, mais de 80% dos adolescentes entre os 11 e os 17 anos não cumprem as recomendações atuais de pelo menos uma hora diária de atividade física, colocando em risco a sua saúde (2).

Já dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS), a partir de diários de atividade física, estima-se que, em média, crianças e adolescentes entre os 6-14 anos passem cerca de 9 horas/dia em comportamentos sedentários, excluindo o tempo de sono (3).

Dados recolhidos em 2019 revelam ainda que as dores lombares ou outros problemas crónicos nas costas continuam a ser as que mais afetam a população. No entanto, 65% da população portuguesa com 15 ou mais anos indica nunca praticar qualquer tipo de exercício físico. Para inverter esta situação, é essencial ter uma atitude preventiva desde a infância (4).

Referências:
1. Recomendações da OMS para atividade física e comportamento sedentário: Resumo [WHO guidelines on physical activity and sedentary behavior: at a glance]. 2020. Disponível em: https://www.dgs.pt/programa-nacional-para-a-promocao-da-atvidade-fisica/ficheiros-externos-pnpaf/traducaopt_guidelinesoms20201.aspx (Consultado a 30.07.2021)
2. Global Burden of Disease Study (GBD). 2019. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/issue/vol396no10258/PIIS0140-6736(20)X0042-0 (Consultado a 30.07.2021)
3. Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN- -AF) 2015-2016. Consórcio IAN-AF; 2017. Consultado a 30.07.2021)
4. Inquérito Nacional de Saúde 2019. (Consultado a 30.07.2021)