11 de Março de 2016 A associação da agricultura biológica juntou 14 municípios e 40 parceiros e lança quarta-feira uma campanha nacional de informação sobre consumo saudável e sustentável, para generalizar esta alternativa, aumentar a produção e conseguir preços mais baixos. Andrea Pereira, da Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio), disse ontem à agência “Lusa” que «esta é a maior ação de comunicação na área do consumo sustentável e da alimentação biológica alguma vez feita em Portugal». A iniciativa, referiu a organizadora, «surge da necessidade de divulgar o consumo de alimentos biológicos, ligado ao consumo justo e sustentável, de uma forma geral, e não apenas para grupos específicos». A campanha Grow Green Semana “Pergunte pelo Bio”, será apresentada na sexta-feira, em Canha, no concelho do Montijo, e vai decorrer de 11 a 16 de abril. A ideia é, «através da consciencialização, aumentar a produção e o consumo» já que, «se as pessoas consumirem mais, haverá mais produção, e se há mais produção, os preços baixam», resumiu Andrea Pereira. Para a Agrobio, a redução da distância entre o consumidor e o produtor também permite reduzir os preços do transporte e «uma das razões pelas quais o produto biológico é tão caro é que na sua grande parte é importado». «Nós temos grande carência de produção, é um mercado em crescimento e precisamos de produtores», alertou a organizadora da Semana “Pergunte pelo Bio”. Ao contrário do que acontece em alguns países, principalmente do norte da Europa, em que a agricultura biológica «é a regra», em Portugal «ainda é a exceção» e, em 2014, abrangia 220 mil hectares, enquanto no ano passado este mercado representava cerca de 20 milhões de euros, valores que terão, segundo Andrea Pereira, subido este ano, atendendo ao aumento de 15% do número de candidaturas às medidas agro-ambientais. «Pretende-se, pouco a pouco, mostrar às pessoas que o consumo sustentável é a única forma de vivermos neste planeta», realçou, recordando as decisões da conferência sobre alterações climáticas de Paris, decorrida em dezembro de 2015, acerca da necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Para a técnica da Agrobio, «é necessário haver, de facto, uma mudança de mentalidades e de consumo» para defender o planeta, mas também para optar por alternativas mais saudáveis. Questionada acerca das razões para o afastamento dos consumidores da agricultura biológica, respondeu que «a principal tem a ver com os hábitos de vida das pessoas», destacando o nível de informação: «há muita falta de conhecimento relativamente a este assunto, as pessoas ainda não sabem bem o que é a agricultura biológica e também não sabem bem o que consomem». Se o consumidor tiver noção do que está a consumir, «nomeadamente em relação às tecnologias usadas e àquilo que é usado para a produção daquele alimento, muitas vezes pesticidas, herbicidas, fungicidas que são prejudiciais à saúde humana, tem mais poder de escolha», salientou Andrea Pereira. Em articulação com os 14 municípios envolvidos e os 40 parceiros, entre produtores, distribuidores e organizações não governamentais, como a ambientalista Quercus, será seguido em vários pontos do país um programa com atividades, workshops e palestras para esclarecer os portugueses acerca deste modo de produção mais amigo do ambiente e da saúde. |