O consumo de café está associado a menor gravidade da doença de fígado gordo não alcoólico em pessoas com diabetes tipo 2, revelou um estudo da Universidade de Coimbra (UC) divulgado esta quinta-feira.
A cafeína, os polifenóis (substâncias com função antioxidante) e outros produtos naturais encontrados no café “podem contribuir para reduzir a gravidade da doença de fígado gordo não alcoólico em pessoas com excesso de peso e diabetes tipo 2”, referiu a UC, em nota enviada à agência Lusa.
O estudo, liderado por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC), contou com a participação de 156 voluntários, recrutados pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, “obesos de meia-idade, dos quais 98 [62,8%] apresentavam diabetes tipo 2”.
De acordo com o comunicado, além de uma entrevista sobre os hábitos de consumo de café, “foram ainda recolhidas amostras de urina para analisar os metabolitos da cafeína e outros – os produtos naturais que resultam da degradação do café no organismo”. “Esta análise permitiu obter dados quantitativos mais definidos sobre a ingestão de café, algo que tem particular importância para explicar a relação entre ingestão de café e a doença de fígado gordo não alcoólico”.
“Por sua vez, os indivíduos com valores elevados de cafeína mostraram ser menos propensos a ter fibrose hepática, enquanto níveis mais altos de outros componentes do café foram associados a um baixo índice de fígado gordo”, enfatizou a especialista da UC.
Segundo Margarida Coelho, mudanças na dieta e no estilo de vida atuais têm contribuído para o aumento da obesidade e da doença de fígado gordo não alcoólica em doentes com diabetes tipo 2. “Estas condições podem evoluir para outras mais graves e irreversíveis, sobrecarregando os sistemas de saúde”, alertou.
Ainda de acordo com o comunicado da UC, a doença de fígado gordo não alcoólico caracteriza-se pela acumulação de gordura no fígado, que pode levar à fibrose hepática, que, por sua vez, pode progredir para cirrose (cicatrização do fígado) e cancro hepático. Esta patologia “não resulta do consumo excessivo de álcool, mas de um estilo de vida pouco saudável, com pouco exercício físico e uma dieta rica em calorias”.
É também “uma complicação frequente em doentes com diabetes tipo 2”, a forma mais frequente da diabetes, caracterizada por valores elevados de glicose no sangue, a hiperglicemia – devido à produção insuficiente de insulina (hormona que controla a entrada de glicose nas células do corpo) – ou pela incapacidade do corpo em utilizá-la.
O estudo do CNC/UC contou com a colaboração de investigadores da NOVA Medical School, de Lisboa, e com o apoio do Instituto de Informação Científica sobre o Café.