Cada doente oncológico é único: Conheça soluções nutricionais adaptadas a cada um 6026

Os doentes oncológicos apresentam um risco acrescido de malnutrição devido à própria doença, que induz perda de apetite e diminuição do peso e massa muscular, como dos tratamentos, que geram um conjunto de efeitos secundários (como náuseas, vómitos, diarreia, alterações de paladar e/ou olfato, entre outros) que influenciam negativamente a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes.1,2 Estudos europeus reportam que a prevalência da malnutrição no doente oncológico pode ir até aos 30,9% na população adulta e até aos 83% na população mais idosa.3,4

Esta malnutrição pode conduzir a uma diminuição da resposta aos tratamentos, ao aumento do risco de complicações e do tempo de internamento hospitalar, a perda de qualidade de vida e a um pior prognóstico.1-2, 5-6

De realçar que os doentes oncológicos apresentam necessidades nutricionais aumentadas.1,2 Assim, o acompanhamento nutricional, que deve ser iniciado o mais precocemente possível, é fundamental para parar ou reverter o processo de malnutrição e garantir um maior sucesso do tratamento.1,5 Porém, nem sempre a alimentação habitual é suficiente para cobrir estas necessidades, pelo que o recurso aos Suplementos Nutricionais Orais constitui um auxílio importante durante o curso da doença.1

Os suplementos nutricionais orais podem contribuir para a gestão da malnutrição da doença, permitindo garantir de uma forma eficaz um maior aporte em energia, proteína, vitaminas e minerais, quando a alimentação, por si só, não consegue fornecer com sucesso os nutrimentos/ nutrientes necessários. Estes podem apresentar vários benefícios ao promover o aumento do peso e massa muscular, da adesão e resposta aos tratamentos, da qualidade de vida e da sobrevida.2,7-10

Para garantir uma adequada adesão aos suplementos é importante ter em conta alguns aspetos, nomeadamente o baixo volume (com uma elevada densidade energética e proteica), a oferta de uma maior variedade de sabores e a temperatura do produto – quando frescos os sabores tornam-se menos intensos e, assim, melhor tolerados.11-14

Importa não esquecer que cada doente oncológico é único e que existem soluções nutricionais adaptadas a cada situação específica. Como é o caso das alterações do paladar e do olfato, que também podem ter impacto na adesão do doente aos suplementos, estando presentes antes, durante e até 1 ano após os tratamentos em até 70% dos doentes.15 O recurso a suplementos nutricionais orais que induzam sensações térmicas específicas (quente e frio) são apreciados por doentes com estas alterações de paladar e/ou olfato, influenciando positivamente a adesão do doente à intervenção nutricional.16

A sarcopenia (doença progressiva e generalizada, caraterizada pela perda de massa magra e força muscular) também é frequentemente detetada no doente oncológico malnutrido.17 Nestes casos, importa  recomendar ao doente suplementos nutricionais orais que, para além de um elevado aporte em energia e proteínas, contenham uma combinação específica de nutrientes que promovam um aumento da síntese proteica muscular. Uma combinação de soroproteína, leucina e vitamina D parece ser eficaz no aumento da síntese proteica muscular, com benefícios para o aumento da massa magra, força muscular e performance física.18

A disfagia é também uma condição comum, particularmente em doentes com tumores de cabeça e pescoço em terapêutica intensiva de quimioradioterapia.1 É fundamental adaptar a consistência dos alimentos e bebidas a esta condição, com recurso a espessantes ou suplementos nutricionais orais com consistência modificada, que contenham propriedades de resistência à amílase salivar (pela presença de gomas).19-20 Pode ainda ser necessário, em alguns destes casos, recorrer à nutrição entérica por sonda.1

Nunca esquecendo que a inflamação sistémica pode ser um dos fatores etiológicos para o desenvolvimento da malnutrição, originando situações de caquexia oncológica. Esta condição afeta 1 em cada 2 doentes com doença oncológica avançada. As orientações mais recentes indicam a toma de suplementos nutricionais orais hiperproteicos especialmente formulados  com ácidos gordos n-3 (com propriedades anti-inflamatórias), por forma a aumentar o peso corporal, atenuar a perda de massa magra e melhorar a qualidade de vida.21

O nutricionista deverá adaptar e individualizar a recomendação do suplemento nutricional oral aos desafios nutricionais inerentes a cada doente oncológico. Independentemente do tipo de suplemento nutricional oral selecionado, estes devem ser sempre consumidos sob supervisão de um profissional de saúde.

Saiba mais em: Conheça as nossas soluções nutricionais adaptadas – Nutricia

Referências:

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