Bastonária defende preços máximos para alguns alimentos e fala em margens de lucro “imorais” 737

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, comentou que pretende estudar a implementação de preços máximos e limite nas frutas e legumes, pedindo ainda a repetição de um inquérito que já foi realizado durante a pandemia covid-19.

Ao Observador, a responsável explicou que a medida de preços máximos tem sido sugerida pela ON sempre que se encontra com os legisladores e os players da indústria alimentar. Alexandra Bento disse ao diário online nacional que tem pedido “mão forte, clareza e transparência”, até porque, segundo a mesma, existem agora margens de lucro “imorais”.

“É completamente incompreensível que tenhamos uma inflação de 8,2%, mas termos um aumento de preços na ordem dos 20% a 30%. Quem está a ficar com esta margem de lucro? Será a indústria alimentar, o distribuidor ou as superfícies comerciais, por exemplo? Não se pode adensar esta incerteza”, questionou.

Alexandra Bento defendeu ainda a existência de medidas-travão e que as fiscalizações da ASAE devem aumentar e estender-se para serem averiguados os aumentos dos preços e as tais margens de lucro.

Referiu ainda que a informação existente não é suficiente para saber qual a percentagem da população está em risco de insegurança alimentar. O último Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, que deixa a claro o tipo de alimentação que a população portuguesa consome, é de 2015. O Ministério da Saúde está a preparar-se para repetir o estudo em breve, mas a bastonária insiste que isso tem de acontecer “já, mesmo já”.

A bastonária garante ainda que “está na hora de se fazer o que se fez na pandemia”, ou seja, implementar o REACT-COVID, um instrumento de inquérito rápido que a Direção-Geral da Saúde (DGS) usou para medir e perceber quem estava em dificuldades económicas graves que resultavam em já não conseguir seguir uma alimentação saudável.

Explica o Observador que os dados desses últimos dois estudos revelam o impacto da covid-19. Em 2015, uma em cada 10 pessoas estava em risco de insegurança alimentar, mas em 2020 era já quase um terço da população (32,7%).

A nutricionista, sem novos números, alerta que o preço tem muita influência nas escolhas alimentares nacionais e o galopante ritmo de aumento “é de levar as mãos à cabeça”.