Bactérias e chip ingeríveis para diagnosticar doenças gastrointestinais 790


25 de maio de 2018

Investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Estados Unidos) construíram um sensor ingerível, com bactérias modificadas geneticamente que podem diagnosticar hemorragias no estômago e outros problemas gastrointestinais.

A abordagem “bactérias num chip” combina sensores feitos com células vivas e componentes eletrónicos de muito baixa potência, que convertem a resposta bacteriana num sinal “wireless” que pode ser lido por um telemóvel.

«Combinando sensores biológicos modificados com componentes eletrónicos de muito baixa potência podemos detetar sinais biológicos no corpo e quase em tempo real ter novas capacidades de diagnóstico para aplicações de saúde no ser humano», disse Timothy Lu, professor do Instituto.

Segundo o estudo, publicado ontem na edição on-line de 24 de maio da revista “Science”, os investigadores criaram sensores que respondem a uma componente do sangue (heme) e outros que podem responder a uma molécula que é um marcador de inflamações.

Na última década os biólogos fizeram grandes progressos no uso de bactérias para responder a estímulos, como poluentes ambientais ou marcadores de doenças. Para tornar essas bactérias mais úteis em aplicações do mundo real os investigadores decidiram combiná-las com um chip eletrónico que pode traduzir a resposta das bactérias num sinal wireless.

A ideia, disseram os investigadores, era “empacotar” as células bacterianas num dispositivo que as libertaria à passagem pelo estômago.

Os primeiros sensores ingeríveis foram testados em porcos e mostraram que podem determinar corretamente se há algum sangue presente no estômago. Segundo os investigadores o sensor pode ser projetado para ser usado apenas uma vez ou para permanecer no aparelho digestivo durante vários dias ou mesmo semanas, enviando sinais continuamente.

Atualmente, se há uma suspeita de sangramento devido a uma úlcera gástrica é necessário fazer uma endoscopia, que muitas vezes é feita através de sedação.

«O objetivo com este sensor é contornar um procedimento desnecessário apenas ingerindo a cápsula, sabendo em pouco tempo se há ou não um problema de sangramento», disse Mark Mimee, um dos principais autores do estudo.

Os investigadores procuram agora reduzir o tamanho do sensor e estudar quanto tempo as células bacterianas podem sobreviver no aparelho digestivo. E esperam também desenvolver sensores para outras situações gastrointestinais além do sangramento.