ASAE fechou duas cantinas escolares nos primeiros quatro meses deste ano 817


17 de maio de 2018

Duas cantinas escolares foram encerradas nos primeiros quatro meses do ano pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que fiscalizou neste período 75 estabelecimentos de ensino.

Em resposta enviada à “Lusa”, a ASAE diz que instaurou, entre janeiro e o final de abril, 15 processos de contraordenação nas ações que desenvolveu na área da restauração em escolas.

Os espaços fechados já regularizaram a situação, o que permitiu a sua reabertura, acrescentou a ASAE, sem especificar a que áreas do país pertencem estas duas cantinas.

Dos 15 processos de contraordenação instaurados nos primeiros quatro meses deste ano, as principais infrações detetadas foram o incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene, a falta de processo ou processos baseados nos princípios do processo de certificação (HACCP) e a não atualização dos documentos que descrevem estes processos.

A ASAE tinha anunciado no final de dezembro a suspensão de uma cantina escolar e a instauração de 23 processos de contraordenação no âmbito de ações de fiscalização de restauração em escolas realizadas nas últimas semanas do primeiro período letivo.

Na altura, a autoridade de segurança alimentar explicou que tinha fiscalizado 129 operadores económicos, tendo sido determinada a suspensão de atividade de uma cantina escolar por falta de higiene.

A qualidade da comida servida nas cantinas e refeitório escolares foi questionada pelos pais e alunos de alguns estabelecimentos de ensino no início do ano escolar e, na altura, foram apresentadas dezenas de queixas.

Questionado pela “Lusa”, o Ministério da Educação (ME) garantiu que tem acompanhado a questão da qualidade das refeições escolares «com trabalho realizado a montante e a jusante do fornecimento, procedendo à sua regulação, monitorização e controlo».

«As empresas têm de cumprir regras, cabendo à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) o acompanhamento das escolas com técnicos, que dão apoio e fazem visitas-surpresa, tendo o ministério vindo a reforçar as ações de fiscalização», acrescentou.

Sublinhando o acompanhamento constante do fornecimento das refeições escolares, «segundo princípios dietéticos de quantidade, qualidade e variedade e com observância das normas de higiene e segurança alimentar», o ministério recorda que foi criado no final do ano passado o Plano Integrado de Controlo da Qualidade e Quantidade das Refeições Servidas nos Estabelecimentos de Educação e Ensino Públicos.

Este plano, acrescenta, «prevê uma maior monitorização e o cumprimento de todas as normas legais e regulamentares aplicáveis, bem como as obrigações resultantes dos contratos de fornecimento de refeições em vigor».

Diz igualmente que as reclamações relativas às refeições servidas nas escolas públicas têm diminuído desde o início da fiscalização levada a cabo pela DGEstE.

De acordo com o ME, a quantidade de refeições servidas diariamente nas escolas deverá rondar o meio milhão nos estabelecimentos do 2.º, 3.º ciclos e secundário, uma vez que nos jardins de infância e no 1.º ciclo esta matéria é da competência das autarquias.

Desde o início do ano letivo, as escolas têm de disponibilizar pelo menos uma opção diária de refeições vegetarianas, que se têm revelado residuais segundo os dados recolhidos pela “Lusa”.

Desde janeiro, a UNISELF, a única das cinco empresas que fornecem refeições escolares que respondeu aos dados solicitados há um mês pela agência Lusa e que abrange 600 escolas, serviu um total de 3,4 milhões de refeições por mês e, em média, 170 mil refeições por dia. As refeições vegetarianas representam apenas 1,77% deste consumo.

«Nas escolas onde a procura da opção vegetariana é reduzida, poderá existir, de acordo com a lei, um regime de inscrição prévio», acrescenta a UNISELF.

Num levantamento feito pela “Lusa” em outubro do ano passado, as opções vegetarianas nas escolas não representavam mais de 1% do total.