O coordenador do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares considera que “as pessoas comem mais do que deviam e fazem pouco exercício, depois ficam obesas e acabam por ser diabéticas”.
Luís Filipe Macedo explicou, em declarações à Lusa, que muitas vezes bastam “pequenos gestos” para evitar a doença cardíaca e a doença vascular-cerebral. Entre elas está a preocupação em adotar cuidados de nutrição, bem como aproveitar os parques e jardins das cidades para passear.
As afirmações surgem por ocasião do Dia Mundial do Coração, que se celebra esta quinta-feira, onde o responsável alertou que a maioria dos doentes com uma situação aguda de doença cardíaca desloca-se ao hospital por meios próprios, o que “nunca deveria acontecer”.
“Há um universo de 60% [de doentes] que continuam a não chamar o INEM, que é a grande, grande arma para os doentes serem tratados adequadamente, uma vez que os encaminha para os hospitais mais adequados, através da Via Verde Coronária”, disse à agência Lusa Luís Filipe Macedo.
Apesar dos sucessivos alertas para a importância de ligar para o 112 perante sintomas de enfarte agudo do miocárdio ou acidente vascular-cerebral, o coordenador do plano da Direção-Geral da Saúde disse que, “infelizmente, as pessoas, não estão tão esclarecidas como deviam estar”.
“Nós recebemos nos hospitais ainda muitos doentes [com situações agudas] que vão pelos meios próprios, o que nunca deveria acontecer”, lamentou o médico, apelando à população para “chamar de imediato” o 112 quando tiver “sinais de alarme” como dor no peito, sudação, sensação de peso nos membros superiores e náuseas.
“Se uma pessoa ficar em casa, ficar para o dia seguinte, não chamar uma ambulância do INEM, pode ficar com sequelas, além de que pode até falecer”, advertiu Luís Filipe Macedo, elucidando que os primeiros 90 minutos são fundamentais para tratar um ataque cardíaco.
Atrasar o tratamento das doenças coronárias conduz a uma situação “muito grave”, a insuficiência cardíaca, disse. “É outra pandemia que está a acontecer” e daí a importância de tratar adequadamente a doença para ter menos insuficiência cardíaca, vincou o diretor do Serviço Cardiologia do Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto.
As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte a nível global. Em Portugal, são responsáveis por cerca de 33 mil mortes anualmente, um terço do total de óbitos. Só o enfarte do miocárdio mata, em média, 12 pessoas por dia.
“Em Portugal, infelizmente, apesar de grandes avanços que tem havido nesta área a doença cardíaca e a doença vascular-cerebral continuam a ser a primeira causa de morte”, disse, salientando a importância do Dia Mundial do Coração para fazer “uma chamada de atenção e uma reflexão sobre alterações e modificações do estilo de vida das pessoas”.
Questionado sobre em que idade se deve fazer um rastreio às doenças cardiovasculares, Luís Filipe Macedo afirmou que, a partir dos 45, 50 anos, a pessoa devem conhecer o seu perfil lipídico (colesterol, diabetes, hipertensão).