A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal considerou que a aquisição de bombas automáticas de insulina nas farmácias, ontem (12) anunciada pelo Ministério da Saúde, é a medida que “protege melhor o interesse” das pessoas com a doença.
Em comunicado, a associação criada em 1926 e que tem cerca de 28 mil associados saudou esta “decisão do Ministério da Saúde por ser uma medida que protege o melhor interesse das pessoas que vivem com diabetes”, cita a Lusa.
Segundo anunciou a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, no parlamento, os doentes com diabetes tipo 1 vão poder adquirir, a partir de janeiro, as bombas de insulina automáticas nas farmácias, assim como escolher o modelo que pretendem.
Ana Povo adiantou que a medida só avança em janeiro de 2025 porque obriga ao desenvolvimento da prescrição eletrónica para as bombas de insulina, que vão ser colocadas e disponibilizadas nas farmácias.
Para a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), o acesso às bombas automáticas de insulina é uma “luta antiga da associação” que há um ano entregou uma petição assinada por 25 mil cidadãos para que as mais de 5.000 crianças e jovens com diabetes tipo 1 tivessem acesso aos novos dispositivos.
“A dispensa das bombas automáticas nas farmácias foi também um apelo da APDP, pois esta é a forma mais eficaz de agilizar o acesso”, salientou o presidente da associação, José Manuel Boavida, citado no comunicado.
Na véspera do Dia Mundial da Diabetes de 2024, que se assinala a 14 de novembro, esta é “sem dúvida uma ótima notícia para quem vive com diabetes tipo 1”, realçou ainda o José Manuel Boavida, para quem a utilização destas bombas torna a gestão e controlo da diabetes bastante mais fácil.
A utilização destas bombas pode proporcionar uma melhor compensação, assim como uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano, contribuindo para uma melhoria significativa da qualidade de vida, avançou a APDP.
De acordo com os dados da associação, estima-se que serão mais de 30.000 as pessoas que vivem com diabetes tipo 1 em Portugal, 5.000 das quais serão crianças e jovens, uma doença autoimune em que o sistema imunológico da própria pessoa compromete o funcionamento das células do pâncreas que produzem insulina.
Perante os deputados, a secretária de Estado da Saúde recordou que o processo de disponibilização de bombas de insulina automáticas se arrasta desde 2022.
Diabéticos vão poder poder adquirir bombas de insulina automáticas nas farmácias
“Em novembro 2022, foi criado um grupo de trabalho para rever a estratégia das bombas de insulina” que entregou o relatório em maio de 2023, com as propostas de “modelo nas farmácias, considerado o mais adequado para melhorar o acesso, seguido da hipótese de modelo híbrido”, disse.
Ana Povo adiantou que, em junho de 2023, a anterior equipa do Ministério da Saúde optou pelo modelo tradicional com compra centralizada, não seguindo a recomendação do grupo de trabalho.
Durante o ano de 2023 foram colocadas 368 bombas e no ano seguinte, 372, sendo que estava previsto no programa a colocação de, pelo menos, 5.000 bombas por ano.