APNEP defende acompanhamento de doentes desnutridos 1321

O presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), Aníbal Marinho, apelou para a necessidade de acompanhar os doentes desnutridos quando têm alta hospitalar para evitar que regressem em pior estado clínico.

Segundo dados da APNEP, há anualmente mais de 115 mil doentes em risco nutricional ou malnutridos a precisar de apoio nutricional com recurso a nutrição clínica.

Muitos destes doentes agravam o seu estado nutricional quando têm alta pois saem sem qualquer apoio do Estado para manter a nutrição clínica em casa. Muitos deles acabam por voltar ao hospital em pior estado clínico até que acabam por falecer nos hospitais.

Aníbal Marinho lamentou ainda a preocupação existente em “investir em medicamentos extremamente caros” e depois se esqueça “o base, que é dar de comer aos doentes, forçá-los a comer, dar-lhes qualidade na alimentação”.

Para o presidente da APNEP, esse investimento é desnecessário pois o tratamento destes doentes “é barato”: “são produtos que custam dois, três, quatro euros e às vezes estamos a tratá-los com medicamentos extremamente caros”, indica.

Outras das inquietações de Aníbal Marinho não é só a doença: “temos de preocupar-nos não só em tratá-los na doença”, mas que tenham “alguma qualidade de vida, que é aquilo com que não nos preocupamos”, defendeu.

Sobre a nova ferramenta que o Ministério da Saúde implementou há mais de um mês nos hospitais públicos, que permite avaliar o risco nutricional dos doentes internados, Aníbal Marinho destacou a sua importância pois vai permitir “uma ação muito mais célere”, além de revelar a real dimensão do problema.

Segundo dados de um estudo feito recentemente em enfermarias de Medicina Interna de 22 hospitais, dois em cada quatro doentes estão em risco de malnutrição, quando a média europeia é de um em cada três.

Para Aníbal Marinho esta é uma realidade que tem de ser mudada e para isso defende uma maior formação para os profissionais na área da nutrição clínica.

Outro dos temas tocados por Aníbal Marinho foi para a falta de nutricionistas a trabalhar nos hospitais e nos centros de saúde, a escassa informação sobre nutrição nos serviços de saúde e “poucos médicos interessados nesta área” porque “também não se criou a necessidade de formar pessoas para tratar este problema”.

A APNEP estima que a malnutrição custe anualmente ao Estado cerca de 255 milhões de euros: “por cada euro investido nesta terapêutica nutricional o Serviço Nacional de Saúde poupa 1,86 euros”, indica. A erradicação deste problema resultaria numa poupança anual superior a 166 milhões de euros.