De acordo com um inquérito que envolveu sete países, o primeiro do Observatório Internacional das Microbiotas, os portugueses estão entre os que menos conhecem o termo microbiota, mas este cenário inverte-se quando se substitui esta palavra por “flora”. E alcançam a liderança quando se pergunta por flora intestinal.
O inquérito, que assinala o Dia Mundial do Microbioma (27), abrangeu sete países (França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Brasil, México e China), com 6500 pessoas. O objetivo foi avaliar o conhecimento sobre o papel da microbiota na saúde, não só por parte da população, como dos profissionais de saúde.
A microbiota é constituída por milhares de milhões de microrganismos que vivem em simbiose no nosso corpo. Temos não só uma microbiota intestinal, mas também uma microbiota na pele, na boca, nos pulmões, no trato urinário e vaginal. No entanto, a maioria dos inquiridos não sabe que algumas doenças não digestivas, como Parkinson, Alzheimer e autismo, podem estar relacionadas com a microbiota (75%).
De acordo com um comunicado da Biocodex Microbiota Institute, apenas 1 em cada 5 pessoas afirma saber o significado exato do termo microbiota (21%). A microbiota intestinal continua a ser a mais conhecida, com 53% dos inquiridos familiarizados com o termo, mas apenas 24% afirmam saber exatamente o que é. Outras microbiotas são muito menos conhecidas, como a microbiota vaginal (45% dos entrevistados conhecem o termo, mas apenas 18% sabem exatamente o que é), a microbiota oral (43% conhecem-na pelo nome, mas não mais de 17% sabem o que é) e a microbiota da pele (40% conhecem o termo, mas apenas 15% sabem o que é).
O relatório permite compreender que três em cada quatro entrevistados estão conscientes de que um risco de desequilíbrio da microbiota pode ter consequências importantes para a saúde (75%), mas que mais de uma em cada três pessoas não sabe que os antibióticos têm um impacto sobre a nossa microbiota (34%).
Revela ainda que os portugueses estão conscientes da necessidade de adotar uma alimentação equilibrada (84%), de praticar exercício físico (76%) e de evitar fumar (72%) para se manterem com boa saúde e, por dedução, de que estes comportamentos têm um impacto favorável na microbiota.
Profissionais de Saúde
Menos de 1 em cada 2 pacientes afirma que o seu médico já lhe explicou como manter uma microbiota equilibrada (44%, mas apenas a 19% isso já foi explicado mais do que uma vez). Apenas uma minoria dos entrevistados declarou ter sido sensibilizado pelo seu médico sobre a importância de ter uma microbiota bem equilibrada (42%). Apenas 1 em cada 3 pessoas afirma que o seu médico já lhes ensinou o que é a microbiota e para que serve (37%).
Apenas 1 em cada 3 doentes afirma ter recebido conselhos do profissional de saúde sobre a forma de minimizar o impacto negativo da toma de antibióticos na microbiota (34%), ou ter sido informado de que a toma de antibióticos poderia ter um impacto negativo no equilíbrio da microbiota (33%).
Finalmente o documento, que pode consultar aqui, mostra ainda que a população idosa é a que menos conhecimento demonstra em relação à microbiota e que os portugueses possuem conhecimentos relativamente bons sobre o papel das microbiotas, mas sabem pouco sobre os probióticos.