O impacto da pobreza deve ser reconhecido como um fator maior de risco para a saúde e a melhor forma de reduzir a diabetes e outras doenças crónicas, é proporcionar às populações mais vulneráveis melhores condições de vida, defende a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) na véspera da Cimeira Social da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
“Garantir condições de habitação e de transporte condignas, emprego e salários justos são fatores críticos do combate à diabetes e à grande maioria das doenças crónicas a par do acesso a uma alimentação adequada e oportunidades para a prática de atividade física. Estes são passos determinantes para promover uma melhor saúde e bem estar para milhões de cidadãos e consequentemente menos pobreza. Estudos já evidenciaram que a baixa escolaridade e fatores sociais como o desemprego, baixos salários ou o isolamento social influenciam o aumento do número de pessoas diagnosticadas com diabetes”, explica José Manuel Boavida, presidente da APDP.
“Os determinantes sociais da saúde são hoje considerados por todos como os principais fatores modificáveis de risco da grande maioria das doenças crónicas. Os determinantes das doenças crónicas costumam ser identificados como modificáveis e não modificáveis. Entre os últimos encontramos a idade, o sexo e a genética. Nos primeiros, salientamos a pobreza nas suas múltiplas vertentes”, afirma o especialista.
Ao saber da realização da Cimeira Social pela Presidência Portuguesa da União Europeia, no ano em que a pandemia veio comprovar que a saúde tem de estar contemplada em todas as políticas, a Federação Internacional da Diabetes – Região Europa (IDF Europa) e a APDP procuraram, sem sucesso, introduzir o tema da saúde e a sua relação com a pobreza.
“Enquanto instituição nascida para “proteger os pobres” (o nome inicial da APDP era o de Associação Protectora dos Diabéticos Pobres), continuamos a atuar junto dos mais desfavorecidos porque é principalmente junto desta população que a diabetes mais cresce. No atual contexto de crise sanitária, social e económica em que vivemos, esta é uma realidade que deveria obrigar-nos a refletir e a desenvolver programas efetivos de combate à diabetes, fazendo a diferença na vida das pessoas”, conclui o presidente da APDP.