No âmbito do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, a Associação Protectora dos Diabéticos (APDP) apela a uma ação conjunta, a nível europeu, que considere a relação entre diabetes e cancro na agenda do programa da Presidência Portuguesa da União Europeia.
Um dos grandes objetivos é sensibilizar para a relação perigosa entre diabetes e cancro, responsável, em Portugal, pelo aumento da mortalidade intra-hospitalar de, 8 para 13% (47% dos doentes). O apelo da associação é que sejam implementadas estratégias e políticas de prevenção eficientes que travem o rápido acréscimo destas duas doenças.
A associação lembra que o cancro e a diabetes estão entre as “Dez ameaças à saúde global” identificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), referindo que a previsão é que o número de pessoas afetadas continue a aumentar. E estima-se que 1 em cada 5 pessoas com cancro (20%) também tenha diabetes. Adicionalmente, estudos epidemiológicos sugerem que as pessoas com diabetes apresentam maior risco de desenvolver determinados tipos de cancros, nomeadamente cancro hepático, pancreático, do endométrio, colo-rectal, mama e bexiga.
Uma alimentação desadequada, o sedentarismo, o tabaco, o consumo excessivo de álcool e fatores ambientais como a poluição, mas também o isolamento social e o stress, são alguns dos fatores de risco comuns às duas doenças.
“Temos de apostar numa comunicação de consciencialização para os cuidados a adotar, proporcionar ambientes propícios para a adoção de estilos de vida mais saudáveis, oportunidades de diagnóstico precoce, assistência clínica para gerir ambas as condições e programas de educação para as pessoas com diabetes e cancro e profissionais de saúde. Todas estas medidas, são ainda mais relevantes em tempo de pandemia, uma vez que a covid-19 é um risco acrescido para estas pessoas”, reforça João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.
“Temos três áreas de ação identificadas no programa da Presidência Portuguesa da União Europeia, para as quais devemos reforçar a implementação de medidas a nível europeu que considerem a importância da diabetes: primeiro nas pessoas com cancro, segundo na prevenção da covid-19 nas populações de risco, nomeadamente com diabetes e, por fim, o reforço da saúde digital e do acompanhamento à distância (também na diabetes). A APDP já demonstrou a sua experiência nesta área como, por exemplo, com a Linha de Apoio à Diabetes (21 381 61 61), já reconhecida pela OMS como um exemplo de boas práticas, e com a luta pela prevenção da infeção por SARS-CoV2. Falta o alerta que reforçamos: neste dia mundial do cancro o alerta para a especial atenção que necessitam as pessoas com diabetes atingidas pelo cancro.” acrescenta José Manuel Boavida, presidente da APDP.