APDP alerta para associação perigosa entre obesidade e diabetes 314

Amanhã assinala-se o 18.º Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, que tem como objetivo sensibilizar a sociedade portuguesa para o problema da obesidade e as implicações que esta tem na saúde. A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) assinala este dia lembrando a importância do reconhecimento da obesidade como uma doença em prevalência crescente e a sua forte associação ao crescimento global da diabetes.

“Como exemplo da relação entre a obesidade e a diabetes, numa amostragem realizada na APDP entre 9 e 13 de maio, verificámos que 63% dos utentes apresentam excesso de peso ou obesidade e 28% apresentam um IMC (Índice de Massa Corporal) superior ou igual a 30. Estes números não divergem significativamente dos dados nacionais que apontam para uma prevalência de 29% da obesidade e para 68% da população portuguesa com excesso de peso ou obesidade”, refere João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.

Estudos estimam que em 2030, em todo o mundo, 60% dos adultos e 1 em cada 3 crianças terão excesso de peso ou obesidade. Em Portugal, os números são bastante alarmantes: 29% da população tem obesidade, sendo que 68% dos portugueses têm excesso de peso ou obesidade.

Para João Filipe Raposo, “este crescimento sustentado da prevalência da obesidade revela a forma como as atuais políticas de saúde têm sido insuficientes para travar esta pandemia. Para lidarmos com a obesidade com sucesso, precisamos de conhecer as suas causas mais profundas, implementando um pacote abrangente de políticas de prevenção e tratamento, assim como programas de proximidade que mobilizem e envolvam as comunidades.”

“A obesidade é uma doença multifatorial e complexa, que se define por tecido adiposo em excesso, que causa doença, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de cancro, doenças respiratórias crónicas e síndrome de apneia obstrutiva do sono. Além disso, a doença tem um forte impacto na mobilidade, qualidade de vida e saúde mental das pessoas”, explica Carolina Neves, médica endocrinologista da APDP.

“É necessário combater o estigma que ainda prevalece sobre a obesidade. Todos nós, profissionais de saúde e comunidade em geral, devemos reconhecê-la como uma doença causada por múltiplos fatores genéticos, metabólicos, psicossociais, ambientais e comportamentais que exige uma abordagem e um tratamento diferenciados e realizados por equipas especializadas”, acrescenta a médica.

Todos os anos, a obesidade e o excesso de peso causam mais de 1,2 milhões de mortes na Europa, constituindo a 4.º principal causa de morte da população europeia. Durante a pandemia da covid-19 assistiu-se a um agravamento da qualidade do estilo de vida, com redução da atividade física e aumento do consumo de gorduras, sal e açúcar.

O mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde sobre Obesidade na Europa 2022 destaca que nenhum país europeu está no bom caminho para travar o aumento da obesidade, frisando a urgência de medidas nacionais para a prevenção e o controlo da doença.

Em Portugal, a obesidade foi reconhecida oficialmente como doença crónica em 2004. Foi também neste ano que se assinalou pela primeira vez esta data.