Angola com 45.000 casos de desnutrição aguda infantil no primeiro semestre 1819

As autoridades sanitárias angolanas registaram, no primeiro semestre deste ano, cerca de 45.000 casos de desnutrição aguda de crianças, doença que está associada a cerca de 50% da mortalidade infantil no país.

Os dados, citados pela Rádio Nacional de Angola, foram divulgados pela coordenadora do Programa Nacional de Desnutrição, Natália da Conceição, durante uma ação de formação e capacitação de supervisores nacionais de nutrição, em cooperação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Por sua vez, o médico da Sociedade Angolana de Pediatria, César Freitas, referiu que, em Luanda, capital de Angola, morreram cerca de 2.6000 crianças por desnutrição no ano passado.

“Nós aqui em Luanda, durante o ano 2022, registamos mais de 26.000 crianças com desnutrição e dessas, mais de 4.000 tinham a forma grave e cerca de 10% faleceram. Com relação à morte dessas crianças em função das unidades que temos, os óbitos variam de 17% a 40%, o que é considerado inaceitável”, sublinhou, citado pela Lusa.

De acordo com a oficial de nutrição do Unicef em Angola, Joana Abraão, o seminário visou formar supervisores de nutrição angolanos que avaliarão se o sistema “para tratar corretamente a criança desnutrida, curar, registar os dados e reportar ao nível superior” está a funcionar.

“Nós temos 38% das crianças sofrendo de desnutrição crónica em Angola e, das crianças menores de 5 anos, 5% delas padecem de desnutrição aguda”, informou Joana Abraão, reforçando que o objetivo da formação é dar ferramentas, capacitar, para se realizar uma supervisão com qualidade.

Joana Abraão referiu que o próximo Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde está a ser realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e vai fornecer dados mais recentes sobre a situação nutricional.

“O Unicef tem apoiado o Governo de Angola com trabalho comunitário, garantindo que haja capacitações como esta que estamos a fazer aqui hoje, que o Governo tenha os produtos para tratar a desnutrição. Temos feito isso já há muitos anos e vamos agora verificar com o próximo inquérito como está a situação atual”, frisou.

Para o tratamento, prosseguiu Joana Abraão, o Governo de Angola adquire os produtos e os parceiros de desenvolvimento reforçam a capacidade de resposta das autoridades angolanas.