A Área Metropolitana de Lisboa (AML) quer facilitar a ligação entre produtores e consumidores, promovendo uma alimentação equilibrada, sustentável e orientada para a dieta mediterrânica, tendo já identificado 154 mercados na região, dos quais 57% comercializam produtos locais.
Apresentado esta quinta-feira, publicamente, em Palmela, distrito de Setúbal, o projeto AML Alimenta está a ser implementado nos 18 municípios que integram esta região, no âmbito do Plano Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável (PNAES).
Com os objetivos de promover uma alimentação saudável e sustentável, valorizar a dieta mediterrânica e combater o desperdício alimentar na AML, o projeto tem duas áreas de atuação, desde logo a produção local e os mercados locais, com um mapeamento desses espaços comerciais, e as cantinas escolares.
Em declarações à agência Lusa, Márcia Mendes, diretora executiva da Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Região Saloia (A2S), uma das parceiras do projeto, disse que foi criado um grupo de trabalho com as autarquias, a academia e os produtores locais, para fazer o mapeamento de onde se podem comprar produtos locais na AML.
Os dados de 15 dos 18 municípios que integram a AML – Alcochete, Seixal e Moita ainda não responderam – revelam que existem 154 mercados locais, que podem ser em edificado como mercados municipais, mercados de ar livre e mercados de levante.
A diretora executiva da A2S indicou que “57% dos 154 mercados comercializam produtos que são produzidos na Área Metropolitana de Lisboa” e, neste universo, há 353 agricultores, referindo que a ideia é envolver agrónomos que possam ajudar relativamente à qualidade dos produtos e aos modos de produção.
“Tentar agregar toda a informação de 18 municípios é um trabalho um bocadinho hercúleo, mas que acreditamos que vai dar resultados muito concretos ao nível metropolitano e que vai permitir fazer aqui ligações entre os produtores locais e os consumidores, e ter uma maior sensibilização e capacitação para esta temática da alimentação a uma escala metropolitana”, declarou Márcia Mendes.
Em relação à intervenção nas cantinas escolares, o projeto AML Alimenta está a finalizar a contratação de nutricionistas, que irão às escolas sensibilizar para os princípios da dieta mediterrânica, o combate ao desperdício alimentar, a sazonalidade dos produtos e a importância de consumir produtos locais.
As ações de sensibilização e de capacitação nas escolas são sobretudo para os professores e para o pessoal que trabalha diretamente nas cantinas.
“A ideia é fazer um trabalho junto dos professores e das cantinas, divulgando o estilo da dieta mediterrânica, incentivar o consumo e a aquisição dos produtos locais e sazonais produzidos com boas práticas agrícolas”, frisou a coordenadora da A2S, adiantando que o projeto AML Alimenta pretende dar às escolas um conjunto de ferramentas e de atividades que possam ser utilizadas em contexto de sala da aula para abordar estas temáticas em torno da alimentação.
O acordo de parceria para o projeto AML Alimenta foi aprovado em abril de 2022 na reunião do Conselho Metropolitano de Lisboa, mas a aprovação da candidatura de 250 mil euros apresentada à autoridade de gestão do Programa de Desenvolvimento Regional 2020 só aconteceu no final desse ano.
O projeto “tem de estar concluído até mais de 2024”, informou Márcia Mendes, explicando que o lançamento público pretende criar “um grupo mais participativo e mais colaborativo”, para que, no final, resulte em “pessoas mais capacitadas, com mais sensibilização para os temas” da alimentação saudável e sustentável, da dieta mediterrânica e do combate ao desperdício alimentar na AML.
Fazem parte do projeto a AML, a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo e duas associações de ação local, a A25 – Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Região Saloia (envolvendo os municípios de Mafra, Sintra e Vila Franca de Xira) e a ADREPES – Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal.
Os 18 municípios que integram a AML são Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.