Alimentos ultraprocessados, álcool, tabaco e combustíveis fósseis responsáveis por 19 milhões de mortes 1485

Os setores industriais dos combustíveis fósseis, álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados causam 19 milhões de mortes anualmente no mundo e 2,7 milhões na Europa, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um relatório, que foi divulgado ontem e elaborado pelo escritório regional da OMS na Europa, acusa estas quatro indústrias não só de criar produtos que causam danos à saúde, mas também de interferir nas medidas de controlo do seu consumo.

As indústrias em questão são apontadas como responsáveis por dificultar a prevenção de doenças não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, cancro ou diabetes, principais causas de morte prematura e incapacidade na Europa.

“Quatro indústrias matam sete mil pessoas na região todos os dias” e “bloqueiam regulamentações de proteção dos cidadãos de produtos nocivos”, acusou o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, ao apresentar o relatório, citado pela Lusa.

Entre as práticas denunciadas pela OMS estão a pressão para bloquear rótulos que relatem os efeitos para a saúde de produtos como o tabaco ou determinados alimentos, a divulgação de desinformação nos meios de comunicação e a publicidade dirigida a crianças e adolescentes.

Esta vasta gama de táticas procura maximizar os benefícios para as empresas, mas tem como efeito colateral o agravamento da saúde pública, criando também barreiras às políticas de prevenção, insistiu a OMS.

A concentração de empresas em muitos destes setores, formando grandes consórcios multinacionais, ajudou-as a ter um significativo poder de pressão política e jurídica, obstruindo regulamentações que podiam afetar as margens de lucro, referiu o documento.

“A OMS Europa vai trabalhar com os decisores políticos para reforçar táticas que os protejam contra a influência prejudicial das indústrias”, disse Kluge.

O documento pretende ser um alerta aos governos europeus para que estabeleçam mecanismos que “identifiquem conflitos de interesses e protejam as políticas públicas da interferência destas indústrias”.