Alimentação Saudável: O poder das marcas próprias 1636

Nos últimos anos as marcas de retalhista têm vindo a conquistar a preferência dos consumidores, fazendo de Portugal um dos países da Europa em que as compras com insígnias próprias mais pesam no orçamento familiar. Uma tendência que se têm expandido para o nicho da alimentação saudável e no qual as principais cadeias de distribuição alimentar têm vindo a apostar como estratégia, de modo a oferecer aos seus clientes produtos diferenciadores, saudáveis e a preços acessíveis. Mas será esta uma preocupação consciente ou uma mera estratégia de marketing para dar resposta a uma necessidade de negócio?

A maioria dos consumidores está hoje mais informada e é mais exigente com o que compra nos supermercados, sobretudo no que diz respeito à alimentação. A crescente preocupação com a nutrição e a procura por uma alimentação saudável tem assumido uma tendência de tal forma relevante no consumo nos últimos anos, que as marcas das principais insígnias do retalho alimentar, em Portugal, já refletem, de forma gradual, esse comportamento nas suas estratégias de negócio.

Por essa razão, e tendo como premissa que a boa comida deve ser acessível a todos, os principais retalhistas do setor alimentar têm vindo a apostar no melhoramento do perfil nutricional dos seus produtos de marca própria, bem como no desenvolvimento de novas gamas, de forma que à mesa do consumidor cheguem sempre os melhores produtos, com a máxima qualidade e a preços atrativos a todas as carteiras.

Conscientes do interesse crescente por dietas alimentares que se adaptem a estilos de vida saudáveis e sustentáveis por parte dos consumidores, João Calqueiro, Diretor Comercial Marca Própria Pingo Doce, explica que «através da Marca Própria Pingo Doce temos como grande prioridade contribuir, diariamente, para uma alimentação mais saudável, mediante a oferta de produtos de qualidade, seguros e nutricionalmente equilibrados e também disponibilizar alimentos que se adaptam aos consumidores com necessidades ou preferências específicas, como alergias ou intolerâncias alimentares».

Igualmente preocupada e atenta às questões da saúde e bem-estar dos consumidores, assim como às novas tendências de mercado, a marca Continente tem procurado «não só satisfazer as necessidades dos consumidores, como desenvolver produtos e gamas cada vez mais equilibradas, com menos açúcares, sal e gorduras», salienta Mayumi Thaís Delgado, coordenadora de Equipa de Nutrição e Investigação da Sonae MC. Para além disso, acrescenta, «sentimos que os próprios consumidores também estão mais atentos e procuram produtos mais naturais, mais aproximados desta nova tendência do clean label e, sempre que possível, sem aromas, corantes, edulcorantes ou outros aditivos com potencial negativo na saúde».

Um mercado em crescimento

Se os rótulos com insígnias Auchan, Continente, Intermarché, Lidl, Pingo Doce, entre outras, já estavam a conquistar os portugueses a um ritmo considerável nos últimos anos, a pandemia de covid-19, em 2020, e a guerra na Ucrânia, que teve início em fevereiro de 2022, vieram acelerar esta tendência. Com os preços dos bens e produtos alimentares a manterem uma trajetória ascendente, pelo menos, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, as marcas próprias têm-se revelado alternativas cada vez mais atrativas para os consumidores, deixando para trás a ideia inicial de que os seus produtos eram de qualidade inferior aos oferecidos pelas marcas de fabricantes.

De acordo com um estudo realizado pela NielsenIQ para o International Private Label Yearbook da Private Label Manufacturers Association (PLMA), Portugal é um dos mercados europeus onde as marcas próprias mais crescem. Dos 17 mercados incluídos no estudo, Portugal foi o segundo país com maior crescimento da quota da marca própria (2,9%) no ano passado, totalizando uma quota significativa de marca própria no retalho alimentar de 39%.

Ainda segundo o relatório, alimentos perecíveis e congelados, produtos de papel e alimentação seca são as três principais categorias em termos de quota da marca própria nos 17 países monitorizados, com uma média de 50%.

Evolução do cabaz de marcas próprias 

Se no início os produtos alimentares com insígnias em nome próprio começaram por ganhar a atenção dos consumidores devido ao preço mais reduzido nas prateleiras de super e hipermercados, em detrimento da qualidade quando comparadas com as marcas de fabricantes, hoje o cenário é bem diferente.

A Auchan, à semelhança das outras insígnias do retalho alimentar, tem-se comprometido, desde cedo, em disponibilizar uma vasta oferta de produtos, procurando selecionar a melhor oferta alimentar com o objetivo de ir ao encontro das necessidades e estilos de vida dos consumidores. «Procuramos disponibilizar aos nossos clientes variedade e pertinência na oferta que selecionamos, sempre aos melhores preços», assegura Rui Oliveira, Diretor de Marcas Próprias da Auchan Retail Portugal, realçando que existem soluções de marcas Auchan em praticamente todas as categorias e mais de 4200 referências de produtos em Fast Moving Consumer Goods (produtos consumíveis). «Tudo isto nos permite oferecer produtos de qualidade, diversificar a oferta, ser competitivos no mercado, reforçar a lealdade dos clientes e acompanhar as principais tendências de consumo», afirma o responsável.

Com as primeiras marcas próprias do grupo a serem lançadas em 1984, o objetivo central da Auchan consistiu «em disponibilizar uma oferta de produtos diversificados, sustentáveis e de qualidade nutricional equivalente ou superior às marcas líderes de mercado, privilegiando o uso de ingredientes locais selecionados; variar a oferta de alimentos; e inovar, introduzindo novos produtos, sabores, embalagens e conceitos que atendessem às necessidades e preferências dos consumidores, permitindo diferenciar as nossas marcas próprias no mercado e oferecer opções exclusivas a quem nos escolhe», lembra Rui Oliveira..

Presente em Portugal desde 1995, e atualmente com mais de 270 lojas, o LIDL também chega todos os dias a um grande número de clientes, contribuindo para a sua alimentação com mais de 3 mil produtos de marca própria em oferta permanente. Tendo a marca própria na génese do seu modelo de negócio, «com uma oferta de qualidade ao melhor preço», Alexandra Borges, Diretora Geral de Compras, do Lidl Portugal, revela que «os produtos integrantes de uma alimentação saudável e sustentável têm vindo a assumir maior protagonismo no cabaz de compras dos portugueses, pelo que é uma área na qual temos investido e o balanço de categorias como o Bio, por exemplo, é muito positivo».

Isto significa que, desde o seu aparecimento, o cabaz de produtos de marca própria deixou de conter apenas referências muito básicas e foi aprofundando a sua presença em novas famílias de produtos, assim como no seio das famílias de produtos onde estava já presente. Também a nível da comunicação, tem vindo a adotar continuamente mecânicas promocionais idênticas às marcas de fabricante, o que contribui para o fortalecimento da relação dos clientes com os retalhistas e para a sua fidelização com as marcas próprias.

Alimentação e estilos de vida saudáveis 

Enquanto retalhistas do setor alimentar, as empresas sentem cada vez mais a responsabilidade acrescida de oferecer aos clientes um leque de artigos que responda às suas necessidades e lhes proporcione um estilo de vida saudável e sustentável.

Com uma oferta baseada numa estratégia ativa para promover uma alimentação consciente, o Lidl pretende facilitar aos clientes a decisão de compra de produtos saudáveis e sustentáveis, mantendo a sua premissa de máxima qualidade ao melhor preço, seguindo três pilares assentes na Segurança alimentar: Alimentação Saudável, Alimentação Sustentável e Transparência e Capacitação. «A segurança alimentar constitui a base da nossa estratégia da alimentação consciente e é, portanto, um pré-requisito para a implementação dos outros pilares. O objetivo de uma alimentação saudável centra-se na melhoria dos aspetos nutricionais do sortido», adianta Alexandra Borges, Diretora Geral de Compras.

Sabendo que a alimentação saudável, juntamente com a prática de atividade física regular, é uma das mais importantes formas de prevenção das patologias crónicas não-transmissíveis, «o Continente tem como grandes pilares a promoção de uma alimentação equilibrada e a democratização do acesso a produtos nutricionalmente equilibrados, sendo estes compromissos sérios que a marca assume há vários anos», afirma Mayumi Thaís Delgado.

Por essa razão, «no Continente assumimos diariamente a nossa responsabilidade acrescida de melhorar a literacia nutricional dos nossos consumidores, assim como garantir a disponibilidade e o acesso a produtos nutricionalmente mais equilibrados, através das reformulações e/ou do desenvolvimento de novos produtos», assegura a nutricionista da Sonae MC.

Com mais de 30 anos de história, a Marca Própria Pingo Doce foi lançada com o propósito de democratizar o acesso a bens alimentares e não alimentares, disponibilizando aos seus clientes soluções que se caracterizam pela confiança, qualidade e preço competitivo. Rigor, qualidade, genuinidade e transparência são os pilares da insígnia retalhista. «O nosso processo de desenvolvimento de produtos da Marca Própria é extremamente minucioso, garantido que a elevada qualidade a que nos propomos é assegurada», confessa João Calqueiro, Diretor Comercial Marca Própria Pingo Doce.

Também o Diretor de Marcas Próprias da Auchan Retail Portugal destaca a qualidade, a sustentabilidade, a inovação, o preço acessível, a diversidade, a segurança alimentar e a transparência como os pilares que caracterizam o desenvolvimento dos produtos alimentares das Marcas Próprias da Auchan. «O nosso compromisso é disponibilizar uma vasta oferta de produtos, selecionando, permanentemente, a melhor oferta alimentar, capaz de ir ao encontro das necessidades e estilos de vida de todos os consumidores. Procuramos disponibilizar aos nossos clientes variedade e pertinência na oferta que selecionamos, sempre aos melhores preços», informa Rui Oliveira.

Qualidade e inovação 

A inovação e a diferenciação de produtos fidelizam clientes, e para a marca própria do Continente essa estratégia não é exceção. «Lançamos, em média, um produto novo por dia, o que nos tem permitido reforçar o interesse e confiança dos clientes pela marca própria, como a solução ideal para as várias necessidades e exigências, com a melhor relação qualidade-preço», confirma a coordenadora de Equipa de Nutrição e Investigação da Sonae MC.

A pensar nos estilos de vida saudáveis e nas preocupações com o meio ambiente – tendências cada vez mais manifestadas pelos consumidores -, a marca revela que já reformulou mais de 538 produtos de marca própria Continente, para retirar, eliminar ou reduzir os ingredientes que, quando consumidos em excesso, podem trazer vários problemas de saúde, nomeadamente o açúcar, as gorduras, gorduras saturadas e o sal. «Por exemplo, no caso das polpas de tomate da marca Continente, retirámos todo o sal adicionado e estamos a concluir a terceira redução de açúcar nos iogurtes líquidos, que irá representar uma redução total média de 50% da quantidade de açúcar desde que iniciámos este movimento», revela a nutricionista Mayumi Thaís Delgado.

A redução da utilização de óleo de palma em produtos da marca própria e de outros ingredientes que também podem ter um impacto negativo na saúde pelo seu consumo repetitivo ou excessivo, nomeadamente intensificadores de sabor, como o glutamato monossódico, gorduras hidrogenadas, e alguns tipos de edulcorantes, entre outros aditivos, são outras das reformulações que têm vindo a ser efetuadas nos produtos alimentares.

Segundo Mayumi Thaís Delgado, também na área da nutrição saudável, «pretende-se inovar e alargar as gamas de produtos equilibrados através da gama Continente Equilíbrio e Continente Equilíbrio Monstrinhos (gama infantil), biológicos através da gama Continente Bio, para desportistas através da marca WayUp e, para bebé através da gama Continente do Bebé, de forma a oferecer aos clientes uma variedade de boas opções».

Alimentação mais consciente 

Com uma oferta permanente composta por mais de 3 mil produtos de marca própria, o Lidl procura oferecer aos clientes uma ampla seleção de alimentos para um estilo de vida consciente, desenvolvendo, para isso, o seu sortido com base nas mais recentes descobertas científicas. «Seguimos uma abordagem holística para reduzir o açúcar, o sal, as gorduras saturadas, o valor energético, os aromas, os conservantes e os corantes. Em paralelo, vamos aumentar o número de produtos com cereais integrais de marca própria do Lidl, bem como aumentar progressivamente a percentagem de cereais integrais, em artigos que já possuam uma componente de cereais, e a percentagem de fontes de proteínas de origem vegetal», declara Alexandra Borges.

Os especialistas em alimentação do grupo alemão analisam continuamente o seu sortido de marcas próprias em cooperação com os seus fornecedores, melhorando as receitas de modo a aumentar os seus benefícios nutricionais, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). A Diretora Geral de Compras, do Lidl Portugal, esclarece que «o objetivo é melhorar sucessivamente a escala de classificação Nutri-Score de um produto. Focamo-nos nos desejos e necessidades dos nossos clientes do Lidl. As características sensoriais dos artigos constituem um critério incondicional para o Lidl».

Sendo os padrões e as tendências alimentares moldados na infância, as crianças são uma das prioridades do retalhista alemão. «Desde janeiro de 2023 deixámos de fazer publicidade a produtos alimentares infantis, não saudáveis, das nossas marcas próprias (isto é, demasiado ricos em gordura saturada, açúcar ou sal). Regemo-nos pelos critérios da OMS, para decidir se os artigos dirigidos às crianças são tidos como saudáveis ou não saudáveis», elucida Alexandra Borges.

Aposta em necessidades específicas 

No grupo Auchan, a oferta do cabaz de marca própria, especificamente na área da alimentação saudável, tem crescido de forma exponencial. Rui Oliveira, Diretor de Marcas Próprias da Auchan Retail Portugal, revela que perante a mudança dos hábitos alimentares dos consumidores, assim como da crescente procura por alternativas veganas ou de outras necessidades específicas como opções sem glúten, sem lactose ou baixo teor glicêmico, por exemplo, «a oferta plant based, e especificamente a vegana, tem sido uma clara aposta da Auchan desde há muito, bem como as opções que excluem glúten e lactose, para responder a essas necessidades particulares, que têm vindo, igualmente, a crescer». Nesse sentido, geralmente, «na área da alimentação, lançamos/reformulamos cerca de 300 artigos por ano», acrescenta o responsável, referindo que neste momento 100% da oferta de marca própria do grupo «onde é possível aplicar o Nutri-score já se encontra com este sistema de avaliação».

Também a venda de produtos a granel é outra das apostas da Auchan. Além de permitir consumir apenas a quantidade que se necessita e, em simultâneo, poupar recursos na utilização de embalagens, «a compra avulso disponibiliza produtos, normalmente, não acessíveis a todos os padrões de consumo, e, por isso, é uma ótima opção para aumentar a variedade de alimentos consumidos», avança Rui Oliveira. Melhorar a oferta através de novas gamas, novas receitas, embalagens mais ecológicas e opções mais diversificadas e versáteis foi e continua a ser o objetivo do grupo no passado e nos dias de hoje. «A nossa maior preocupação sempre que desenvolvemos novos produtos alimentares é conseguir responder a todas as necessidades dos nossos clientes. Por isso, todos os nossos produtos são provados e aprovados por um painel de consumidores», conclui o responsável.

Consumidores participam no processo de inovação

Sendo a primeira Marca Própria do mundo a obter um certificado de qualidade pelo processo de desenvolvimento de produtos e a investir num laboratório de Biologia molecular para efetuar a identificação dos ingredientes de forma a garantir a qualidade dos seus produtos, o Pingo Doce iniciou «há mais de 10 anos um trabalho de melhoria contínua da qualidade nutricional dos nossos produtos que resultou já na redução de mais de 1800 toneladas de açúcar, mais de 40 toneladas de sal e cerca de 25 toneladas de gordura», afirma João Calqueiro, sublinhando que «os produtos alimentares de Marca Própria não têm corantes artificiais nem intensificadores de sabor – já os conservantes, são apenas utilizados quando imprescindíveis para a segurança alimentar dos produtos».

A inovação faz parte da génese da Marca Própria, pelo que o Pingo Doce conta diariamente com uma equipa multidisciplinar, que inclui especialistas de desenvolvimento de produto da Marca Própria que trabalham em colaboração com os fornecedores e de acordo com as tendências de mercado. «Internamente, contamos com a colaboração de equipas de estudos de mercado e consumidor, comerciais, da qualidade e da nutrição, de packaging e de comunicação», aponta o Diretor Comercial Marca Própria Pingo Doce.

De forma a garantir o melhor perfil nutricional dos produtos alimentares, «a equipa de nutrição do Pingo Doce tem um papel fundamental na definição da receita, garantindo que a mesma representa uma mais-valia face ao mercado atual, estando também envolvida na melhoria constante das receitas, com particular enfoque na redução do sal, do açúcar e da gordura total e saturada, conforme o tipo de produto», explica João Calqueiro. Antes do lançamento de qualquer produto, todos os produtos são testados em laboratório e junto do consumidor, «sendo que apenas são lançados aqueles que se destacam como sendo melhores que os “Benchmark” comparativos com que são avaliados».

Garantir a qualidade e segurança

Quem também reconhece e enaltece a importância da participação dos consumidores no desenvolvimento de novos produtos de Marca Própria é o Continente. A coordenadora de Equipa de Nutrição e Investigação da Sonae MC Mayumi Thaís Delgado diz que «sempre que o Continente chega a um produto que cumpra os requisitos nutricionais internos, o mesmo segue para análise em laboratórios externos, quer a nível microbiológico, físico-químico como sensorial». E reforça: «Nenhum produto marca própria Continente entra em comercialização se não for aprovado em painel sensorial externo de consumidores habituais (as comummente denominadas de “provas cegas”)», o que faz do consumidor uma peça chave neste processo.

Para o Lidl, a segurança alimentar, a garantia de qualidade, a certificação dos fornecedores de marca própria e a aceitação por parte do cliente são os requisitos necessários para um produto experimental se consolidar no mercado. Nesse sentido, o retalhista alimentar conta, desde junho de 2018, com o Lidl Sense, um laboratório interno de provas sensoriais, onde são avaliados os produtos que estão a ser reformulados ou preparados para serem lançados no mercado, tendo, como salienta Alexandra Borges, «os resultados obtidos nas provas sensoriais permitido até ao momento aprovar cerca de 30% de novas receitas e lançar as bases para a melhoria de diversas outras receitas de produtos existentes».

Produtos e desenvolvimentos futuros

Durante o processo de desenvolvimento de novos produtos ou de reformulação de receitas de outros já existentes, as insígnias próprias contam, na maioria dos casos, com a colaboração de nutricionistas, de forma a garantir que estas atendem aos critérios nutricionais de qualidade estabelecidos pelas empresas e pelas autoridades regulatórias relevantes.

Continuar a apostar no desenvolvimento de produtos inovadores e nutricionalmente equilibrados, assim como alargar as gamas de produtos alimentares já existentes, tendo sempre presente as tendências de mercado, as expectativas e necessidades do consumidor, oferecendo a máxima qualidade ao melhor preço são, de uma forma geral, os principais objetivos para o futuro por parte dos retalhistas alimentares.

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Marcas próprias investem na literacia alimentar 

Cada vez mais o cuidado com a alimentação faz parte de estilos de vida saudáveis e equilibrados e é visto como a melhor forma de prevenir diversas doenças. Para ajudar os clientes a aceitar uma oferta alimentar mais responsável e consciente, seguindo o seu princípio orientador de “Promover a Saúde”, enquanto parte da sua Estratégia de Sustentabilidade e Responsabilidade Social “Mais Lidl”, o retalhista alemão, acredita que a transparência e a comunicação são a chave para permitir decisões de compra cada vez mais informadas. Desta forma, «promovemos escolhas equilibradas, apoiamos um estilo de vida saudável assente numa alimentação variada. Oferecemos uma vasta gama de artigos saudáveis, sustentáveis, adequados a estilos de vida específicos (vegetariano, vegan, bio, sem glúten), mas acreditando que a base está num equilíbrio que conjuga alimentação com a prática de exercício físico», explica Alexandra Borges, Diretora Geral de Compras.

São disso exemplo as ações que têm vindo a promover junto «das jovens famílias com filhos, sensibilizando para o tema da alimentação e estilos de vida saudáveis» ou do apoio que dão a corridas e outras atividades desportivas. «Também através do projeto Lidl Stars, que surgiu em 2018, apoiamos jovens promessas do desporto nacional em diferentes modalidades, reforçando o nosso compromisso em promover estilos de vida saudáveis», indica Alexandra Borges.

Também o Continente tem assumido a sua responsabilidade de melhorar a literacia nutricional dos portugueses. Como Mayumi Thaís Delgado, coordenadora de Equipa de Nutrição e Investigação da Sonae MC, refere, esta estratégia estende-se «à educação e literacia em nutrição e saúde, não só dos nossos colaboradores com formações internas, como também do público em geral através do site “Continente Feed”, onde podemos encontrar artigos temáticos e diversas receitas, do site à “À Roda da Alimentação”, em que toda a informação é validada pela Equipa de Nutrição e da Escola Missão Continente, e onde se trabalha esta temática com diferentes parceiros científicos, desde a idade escolar».

Já o Pingo Doce, por também acreditar que a sua missão passa por facultar a melhor informação ao cliente, está a implementar em todos os produtos alimentares da sua Marca Própria a escala nutricional Nutri-Score, possibilitando-lhe, assim, fazer escolhas mais informadas e conscientes.

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A busca contínua pela sustentabilidade 

A sustentabilidade dos produtos e embalagens é uma preocupação constante das marcas próprias nos últimos anos. O Continente tem tentado corresponder a esta tendência através de novos formatos e materiais de packaging e da escolha de matérias-primas mais sustentáveis e amigas do ambiente. «A aposta na produção local e nacional, através do Clube de Produtores Continente (CPC), é uma das premissas que também não descuramos na procura da valorização dos recursos nacionais», adianta Mayumi Thaís Delgado, coordenadora de Equipa de Nutrição e Investigação da Sonae MC.

No que respeita ao Ecodesign, o Pingo Doce tem procurado oferecer embalagens mais ecoeficientes e mais amigas do ambiente. No âmbito do Programa de Ecodesign de Embalagens, implementado em 2011 e focado nos produtos de Marca Própria, o Pingo Doce já evitou o consumo total de mais de 26 mil toneladas de materiais de embalagem, melhorando a ecoeficiência de mais de 500 embalagens da sua marca. «Esta iniciativa permite-nos, de uma forma contínua, alcançar uma maior sustentabilidade nas nossas embalagens através da redução da quantidade de materiais que estas contêm, da redução do seu tamanho ou da incorporação de material reciclado», destaca João Calqueiro, Diretor Comercial Marca Própria Pingo Doce.

O packaging integra igualmente um dos projetos estratégicos da Auchan, intitulado Militância pelo São. Rui Oliveira, Diretor de Marcas Próprias da Auchan Retail Portugal, lembra que «desde 2011 que a marca própria da Auchan trabalha o ecodesign das suas embalagens, seja no ato de retirar as cartonagens desnecessárias, na simplificação das embalagens para melhorar a sua reciclabilidade ou no ajuste do formato, dimensão e concentração, para minimizar volume no transporte e assim reduzir impacto de embalagem, mas também a pegada de carbono».

Através da estratégia “Mais Lidl” e dos eixos que a suportam, o Lidl está empenhado em proteger o ambiente, tendo vindo a desenvolver, revela Alexandra Borges, «ao abrigo da nossa estratégia para o plástico, RESET Plastic, diversas inovações a nível de embalagens, sem que com isso seja posta em causa a garantia de qualidade e segurança alimentar dos nossos produtos».

Entre elas destacam-se, por exemplo, «as alterações que efetuamos nas nossas embalagens ao abrigo desta estratégia e que são identificadas com o Selo “Embalagem Ecorresponsável”; a redução da quantidade de plástico usada por embalagem nos frutos secos, cerca de 13%, sem impacto na quantidade de produto; a redução de 80% do plástico ao retirarmos as embalagens das bananas da Madeira, e a redução de 70% do plástico nas embalagens dos citrinos, entre outras», aponta a Diretora Geral de Compras, do Lidl Portugal.

Marcas próprias aumentam mais do que as dos fabricantes 

Os preços das marcas próprias dos supermercados aumentaram, no ano passado, mais do que os das marcas dos fabricantes. A conclusão é de um estudo da Deco Proteste, que comparou o custo de um conjunto de 30 produtos da marca própria dos supermercados com outros 30 da marca dos fabricantes. Enquanto os primeiros aumentaram 32%, os segundos registaram uma subida de 13%. Ainda assim, a compra dos primeiros continua a compensar.

De 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2022, a Deco Proteste controlou, todos os dias, os preços de 60 produtos – 30 de marca própria, de gama média, e os equivalentes com marca de fabricante – nas lojas online de cinco supermercados: Auchan, Continente, Intermarché, Minipreço e Pingo Doce, revela a associação, na revista Proteste de abril. Na seleção, procurou produtos de distribuidor com quantidade igual ou o mais próxima possível da fornecida pelos de fabricante. Quando não era possível, para os preços serem comparáveis, calculou o custo de uma quantidade igual à do produto de fabricante. De seguida, encontrou o preço médio por produto, em todas as lojas online onde estava disponível, e somou o preço médio de todos os produtos, obtendo o custo total por dia.

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA VIVER SAUDÁVEL #83 (MAIO-JUNHO 2023)