Alimentação representa quase metade dos gastos de famílias sobre-endividadas 768

28 de Outubro de 2016

Quase metade dos gastos mensais das famílias sobre-endividadas destina-se à alimentação, segundo o Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da DECO, que contabilizou até 27 de outubro 26.030 pedidos de ajuda, menos 3.026 do que no ano passado.

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor – DECO regista uma diminuição do número de pedidos desde 2013, ano em que atingiu um recorde de 29.214 solicitações, destacando ainda o facto de o desemprego que, em 2012, representava 40% das causas invocadas para o sobre-endividamento, ser agora associado a 29% das dificuldades.

As famílias que solicitaram a intervenção do GAS têm um rendimento médio de 1.070 euros, gastam 715 euros em prestações de crédito e têm encargos mensais de 467 euros, dos quais quase metade (220 euros) relativa à alimentação, seguindo-se a eletricidade, com 13% do total (61 euros).

Quase 60% das famílias têm um rendimento líquido mensal igual ou inferior a dois salários mínimos (até 1.060 euros), com o valor mínimo dos rendimentos a situar-se em 35 euros e o máximo nos 3.800 euros, e 53% têm habilitações ao nível do ensino secundário e superior, avançou a “Lusa”.

A maior parte dos pedidos de ajuda vem dos grandes centros urbanos (43% de Lisboa e Tejo e 31% do Porto e Norte).

O número de processos acompanhados pela DECO diminuiu também face ao ano passado, passando de 2.712 para 2.017 (até 27 de outubro), depois de um pico de 4.034 em 2013.

Mais de metade dos agregados familiares (54%) é constituído por um casal com um filho ou mais de três elementos.

Quanto aos créditos em renegociação, 53% encontra-se em incumprimento (66% em 2015) e 47% está regularizado (34% no ano passado).

As famílias tinham em média cinco créditos, com um montante médio de 67.800 euros de crédito relativo à habitação, 9.000 ao automóvel, 7.100 pessoal e 3.300 de cartão de crédito.

Cinco dias antes da celebração do Dia Mundial da Poupança, a 31 de outubro, o GAS relembrou que os portugueses «continuam a apresentar graves carências» no que diz respeito ao aconselhamento financeiro, literacia financeira e apoios sociais.