Alimentação dos pais influencia os filhos 2505

De acordo com um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), desenvolvido desde 2014, os pais têm “o papel fundamental” como “atores principais” na educação alimentar e criação de hábitos nas crianças.

Este estudo, desenvolvido no âmbito do Programa Doutoral em Saúde Pública da Universidade do Porto (UP) por Sofia Vilela, autora do estudo e investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISP, intitulado “Tracking the acquisition of eating habits in children and its effects on behaviours related to appetite and on adiposity”, focou-se na evolução dos hábitos alimentares de cerca de cinco mil crianças, com quatro e sete anos, da cidade do Porto.

Para além disso, o estudo, incluiu ainda a participação de cerca de 500 crianças num inquérito alimentar nacional e de atividade física (IAN-AF).

O objetivo desta investigação era perceber “se os hábitos se mantinham ou alteravam ao longo da infância”. Para isso, foram analisadas questões como a qualidade alimentar, o consumo de alimentos energéticos, o número de refeições, a variedade alimentar e ainda os fatores que influenciam a aquisição de hábitos alimentares.

O estudo concluiu que “as crianças que são expostas a uma maior variedade de alimentos, como diferentes tipos de fruta, vegetais, carnes e peixes, têm uma melhor relação com a comida, visto que têm maior prazer e se tornam menos seletivas”.

“Os pais são os atores principais nesta questão e nem sempre percecionam que os laços que estabelecem e o que cedo ensinam a estas crianças se vai manter ao longo da vida”, indicou Sofia Vilela, a autora do estudo.

O estudo indicou também que as crianças que praticam “menos de seis refeições por dia (entre refeições principais e lanches) apresentam um maior risco de vir a ter excesso de peso e obesidade”.

“Muitas das vezes os pais não percecionam que a criança tem excesso de peso e isso resulta na conservação dos mesmos hábitos alimentares. Esta é uma questão que merece a atenção dos pais, porque tem impacto quer na alimentação das crianças, quer no risco de poderem vir a ter excesso de peso”, sublinhou a investigadora.