Terminadas as visitas pelo país integradas no “Ciclo de Visitas da Bastonária”, a Ordem dos Nutricionistas faz um balanço, destacando dificuldades e sublinhando bons exemplos. A criação de uma «carreira própria para os nutricionistas que trabalham no Serviço Nacional de Saúde», está no topo das necessidades, reforça Alexandra Bento.
As visitas abrangeram todas as zonas do país, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira, num total de 62 instituições, «com um enfoque muito particular naquelas do SNS», expressou a bastonária.
A necessidade de ser criada uma carreira própria para os nutricionistas que trabalham no SNS foi uma das preocupações mais ouvidas pela bastonária da ON durante o ciclo de visitas que realizou pelo país durante o ano de 2018, desafio que Alexandra Bento lançou ao Governo, aquando da abertura do Congresso da Ordem.
«Só metade dos nutricionistas no SNS é que exercem a profissão na carreira respetiva, como técnicos superiores de saúde, a outra metade está abrangida por regimes diferentes, o que causa natural tensão», informou ao jornal “Expresso” a Bastonária.
Em relação a outras conclusões do “Ciclo de Visitas da Bastonária”, a Alexandra Bento diz que foi inspirador para diferentes propostas: «Vimos coisas interessantíssimas». Um dos objetivos que era adquirir um conhecimento aprofundado da realidade profissional dos nutricionistas, permitiu confirmar a falta de nutricionistas, com a região de Lisboa e Vale do Tejo a registar o pior rácio do país, segundo a responsável. «Ainda que tenha sido possível verificar que a prática profissional é reconhecida em todo o país, com os médicos a atestarem a mais valia que representa a presença dos nutricionistas, o número destes profissionais não tem aumentado» no SNS, alerta Alexandra Bento.
Esta e outras conclusões, como «a falta de equipamentos adequados em muitos dos serviços», constarão no relatório que a Ordem enviará agora à Administração Regional de Saúde e ao ministério da tutela, avança.
Alexandra Bento destacou à fonte algumas práticas encontradas como bons exemplos, «como a existência de ementas específicas para o serviço de pediatria, adequadas às necessidades desta faixa etária; um outro caso muito interessante de uma instituição que inclui nas refeições servidas a gastronomia típica da região, com sopas tradicionais; e a experiência de dois hospitais no domínio da redução do desperdício alimentar, dando ao doente a possibilidade de escolherem o seu menu».
Depois deste ciclo de visitas, Alexandra Bento informa ainda que a Ordem quer avançar para outras áreas, nomeadamente «Instituições Particulares de Solidariedade Social, hospitalização privada, indústria alimentar e instituições de ensino superior que dão acesso à profissão».