Agrobio defende que autoridades investiguem alegada fraude nos produtos biológicos 801


29 de junho de 2017

A Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio) defende que as autoridades devem avaliar o trabalho hoje divulgado pela revista “Visão” sobre uma alegada fraude nos produtos biológicos e analisar os resultados para apurar responsabilidades.

«Estamos a falar de um assunto tão sério que terá de ser verificado por outras instâncias a veracidade do trabalho feito», disse Jaime Ferreira, presidente da Agrobio, sublinhando que é preciso também verificar como foi feita a seleção e a recolha dos produtos identificados como biológicos.

A revista “Visão” divulga hoje um trabalho que inclui a análise em laboratório de 113 produtos – frutas, legumes e sementes – identificados nas lojas como biológicos. Nalguns deles foram encontrados pesticidas não permitidos na agricultura biológica e numa das análises efetuadas, a uma couve identificada como proveniente da agricultura biológica, foi encontrada uma quantidade de glifosato 12 vezes superior ao máximo permitido por lei para couves de produção convencional.

O glifosato foi considerado pela Agência Internacional de Pesquisa em Cancro como “provavelmente cancerígeno”.

Em declarações a “Lusa”, o presidente da Agrobio reagiu com cautela relativamente ao conteúdo do trabalho jornalístico, sublinhando: «o que lhe posso dizer é que identificar agroquímicos não autorizados em produtos biológicos é [sinal de] fraude. Deliberado ou por negligência, pois pode ser por contaminação».

Face à gravidade destes indicadores, Jaime Ferreira diz que, a ser verdade, se trata de um problema de saúde pública: «Isto tem de ser colocado às autoridades competentes e elas têm de responsabilizar quem foi responsável por colocar esses produtos no mercado».