Estima-se que 20 a 25% da população portuguesa sofra de alergias oculares, independentemente da sua idade ou género.
A conjuntivite alérgica ocorre quando um agente estranho (alérgeno) irrita a conjuntiva (membrana fina e transparente, que reveste o olho e a parte interior das pálpebras), provocando uma inflamação da mesma. Este tipo de manifestação alérgica pode afetar todos os grupos etários, desde a infância até às idades mais avançadas, pelo que é fundamental que todos estejam atentos a possíveis sintomas. Segundo a Dr.ª Ana Vide Escada, oftalmologista e Secretária-geral Adjunta da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), “geralmente os sintomas associados são vermelhidão ocular, comichão e secreção transparente ou esbranquiçada. Em casos mais severos, podem associar-se inchaço e descamação da pele das pálpebras, lacrimejo e aumento da sensibilidade à luz.”
A alergia ocular pode aparecer de forma isolada ou associada a outras manifestações de alergia, como crises de espirros, escorrência nasal, tosse irritativa e eczema atópico. Apesar de poder surgir em qualquer altura do ano, a conjuntivite alérgica é mais comum na primavera, devido às elevadas quantidades de pólen no ar. No entanto, os dias quentes e secos, que se avizinham nos próximos meses, podem provocar também um aumento da quantidade de poeiras e ácaros no ar.
Os próximos meses requerem, então, um cuidado especial e uma atenção redobrada a possíveis sintomas de alergia ocular. “O controlo da conjuntivite alérgica passa, primeiramente, pela sua prevenção, evitando o contacto com os alérgenos, quando estes já são conhecidos (pólenes, ácaros, pó da casa, entre outros)”, explica a Dr.ª Ana Vide Escada.
Relativamente ao tratamento, este envolve, normalmente, agentes anti-histamínicos (antialérgicos) ou gotas lubrificantes. Eventualmente, poderão ser usados corticosteróides, que são potentes agentes anti-inflamatórios, entre outros, mas apenas sob prescrição médica.
“A medicação pode ser somente tópica (aplicação ocular direta em gotas, gel ou pomada) e/ou ser sistémica. Geralmente, nas situações mais severas e nas crianças (que tendencialmente controlam menos o impulso de coçar e fazem reações muito exuberantes) é necessário aplicar medidas terapêuticas locais e sistémicas.”, acrescenta ainda a especialista.
Estas conjuntivites não são contagiosas, mas dada a sua frequência podem atingir todos os membros da família. Assim, em qualquer idade e perante a suspeita de uma conjuntivite alérgica, nomeadamente na ausência de alergias prévias conhecidas, deve ser sempre consultado um Médico Oftalmologista, não só para confirmação do diagnóstico, bem como para prescrição da terapêutica mais adequada a cada caso.