A Bayer AG acaba de anunciar que a BlueRock Therapeutics (BlueRock), uma empresa biofarmacêutica de fase clínica e subsidiária integral da Bayer AG, administrou com sucesso a primeira dose dos seus neurónios dopaminérgicos derivados de células estaminais pluripotentes, denominados DA01, a um doente com doença de Parkinson num ensaio clínico de fase 1 sem ocultação que a empresa tem atualmente em curso. Em paralelo, a Asklepios BioPharmaceutical, Inc. (AskBio), uma empresa de fase clínica e subsidiária integral da Bayer AG que se dedica à terapia genética com vírus adeno-associados (VAA), também está a promover um programa de terapia genética que visa disponibilizar terapias avançadas para a doença de Parkinson. Esse programa está atualmente a recrutar e a avaliar doentes num ensaio clínico de Fase 1b em curso.
“As terapias candidatas da BlueRock e da AskBio podem ter um potencial imenso para o tratamento da doença de Parkinson”, revelou Wolfram Carius, Diretor de Terapias Celulares e Genéticas da Bayer. “Pela primeira vez, pode vir a ser possível parar e reverter esta doença degenerativa e ajudar realmente os doentes que enfrentam esta importante necessidade médica não atendida. O arranque dos ensaios clínicos representa a primeira etapa de uma opção terapêutica inovadora que pode melhorar drasticamente a vida dos doentes.”
A doença de Parkinson é a mais frequente doença neurodegenerativa do movimento, afetando mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. É causada por danos nas células nervosas do cérebro, levando a uma redução dos níveis de dopamina (um neurotransmissor envolvido em processos como a memória ou o movimento). A doença começa muitas vezes com tremor numa das mãos. Outros sintomas incluem rigidez, cãibras e discinesia (movimentos involuntários, erráticos e de contorção do rosto, dos braços, das pernas ou do tronco). Para mitigar os sintomas da doença, são frequentemente utilizados substitutos da dopamina, como por exemplo a levodopa, mas o seu efeito diminui à medida que a doença progride e não está atualmente disponível nenhum tratamento modificador da doença.
Direcionadas para a causa mais profunda da doença, as terapias celulares e genéticas pretendem ir além dos tratamentos sintomáticos.
Utilizando neurónios dopaminérgicos autênticos, o objetivo da BlueRock é reinervar as regiões afetadas do cérebro humano e reverter o processo degenerativo, potencialmente recuperando a função motora. O ensaio clínico da BlueRock irá recrutar dez doentes em centros dos Estados Unidos (EUA) e do Canadá. Neste estudo, os doentes serão submetidos a um transplante cirúrgico de células produtoras de dopamina no putâmen, uma estrutura cerebral profunda afetada pela doença de Parkinson. O objetivo primário do ensaio de fase 1 (NCT04802733) é avaliar a segurança e a tolerabilidade do transplante de células DA01 ao fim de um ano após o transplante. Os objetivos secundários do estudo são avaliar a evidência de sobrevivência das células transplantadas e dos efeitos motores ao fim de um e dois anos após o transplante, avaliar a continuidade da segurança e tolerabilidade aos dois anos e avaliar a exequibilidade da transplantação.
A estratégia da AskBio consiste num VAA que transporta o gene do fator neurotrófico humano derivado de uma linha de células da glia (glial cell line-derived neurotrophic factor, GDNF) até aos neurónios do putâmen, resultando na expressão e secreção da proteína GDNF em áreas do cérebro afetadas pela doença de Parkinson. Os ensaios a longo prazo com VAA-GDNF mostraram que a expressão prolongada de GDNF pode promover a regeneração de neurónios do mesencéfalo e uma recuperação significativa da função motora em modelos de roedores e de primatas não humanos. O ensaio clínico da AskBio está atualmente a recrutar e a avaliar doentes num ensaio de Fase 1b nos EUA, para avaliar a segurança e a eficácia preliminar.
Desde o início do estudo de Fase 1b (NCT04167540), em agosto de 2020, foram recrutados 10 doentes no total.