De acordo com relatório “O estado da Alimentação: disrupção e incerteza. A situação do retalho alimentar em 2021”, elaborado pela McKinsey & Company e pela EuroCommerce, 37% dos portugueses espera consumir mais produtos regionais em 2021.
Este relatório mostra que não são só os hábitos alimentares que estão a mudar, a forma como os alimentos são comprados está também a passar por várias alterações.
Para além da opção pela compra de produtos regionais, 31% dos portugueses diz optar por produtos orgânicos e biológicos, uma das grandes tendências do sector.
Outra tendência verificada tem a ver com o modo de aquisição dos produtos. A nível europeu, as vendas de alimentos aumentaram 10% em 2020 e seis em cada dez consumidores optaram por outra loja para comprar alimentos ou fizeram compras online.
Do lado dos retalhistas, nota-se que, apesar de as vendas terem subido, a pressão nas cadeias de abastecimento e a crescente necessidade de introduzir medidas de higiene adicionais levaram a um aumento dos custos.
O relatório identifica ainda quatro grandes tendências que irão marcar e moldar a indústria alimentar nos próximos anos: O estilo de vida que impulsiona a procura de alimentos, o valor, o online e o regresso da restauração.
A mudança nos estilos de vida dos consumidores faz também mudar a procura dos produtos alimentares. Para além dos produtos ecológicos e locais/regionais, os consumidores procuram uma gama mais vasta de produtos que percecionam como saudáveis, como alimentos sem glúten a sem lacticínios. Este ano, 45% dos consumidores em Portugal diz estar a optar por este tipo artigos no cesto de compras.
Ao mesmo tempo, 59% dos consumidores portugueses mostram uma maior intenção de poupar na compra de alimentos.
E se por um lado, durante a pandemia, os consumidores gastaram consideravelmente mais em produtos alimentares devido ao encerramento de restaurantes, cafetarias e cantinas nos escritórios, por outro, o confinamento limitou a capacidade dos consumidores gastarem dinheiro de outras formas, levando a uma maior despesa com a alimentação.
Apesar disso, espera-se que esta tendência se inverta e que os consumidores gerem uma maior poupança em 2021 do que em 2020.
O relatório indica ainda que 76% dos executivos do sector de distribuição na Europa destaca a escolha de produtos mais económicos e um aumento da sensibilidade aos preços entre as tendências influentes para os próximos 1-2 anos.
Outra tendência que tem vindo a aumentar, e que a pandemia acelerou, foi a venda online de alimentos. Tendência esta que é para manter num futuro próximo.
Contudo, em Portugal, a percentagem de consumidores que tem intenção de comprar mais produtos online é apenas 15%, sendo inferior à percentagem de consumidores que tenciona comprar menos (24%). A principal razão estará relacionada com a preferência por contacto pessoal nas lojas, com 62% dos consumidores a preferir o contato físico.
Contudo, é esperado que as as lojas alimentares percam uma parte considerável dos respetivos lucros, mal as restrições se levantem, e o hábito de comer fora de casa volte aos níveis pré-crise.
O relatório mostra que, no geral, a maioria dos consumidores tenciona regressar aos alimentos preparados (e, muitas vezes, prontos a comer). Esta diminuição da procura de produtos alimentares em supermercados e outras superfícies de venda é amplamente esperada pelos executivos da indústria, com 49% a acreditar que a situação do mercado piorará em 2021 relativamente a 2020.